25 de dez. de 2007

Anos, tempo e ciclos

Vem chegando o final de mais um ano. E o festejo costumeiro. Todos saem às ruas a caça de presentes. O clima leve de euforia se mistura com a guerra pelos melhores objetos, pelas melhores “promoções”. É natal! E um novo ano se aproxima.

Você deve estar pensando: “ih... esse cara chato vai puxar agora para aquele papo do verdadeiro sentido do natal, falar do nascimento de Jesus e tal”.

Errou!

Mas se pensou isso é talvez porque não me conheça. Não sou exatamente religioso nem nada. “E sobre o que você vai escrever então, meu rapaz?” Não sei... estou pensando ainda!

As festas de ano novo me trazem uma sensação engraçada. A passagem dos anos, aliás! Uma coisa de certa maneira cíclica, que chega quase num “eterno retorno” inventado. Uma regularidade que criamos para as nossas próprias vidas. Mas um retorno ligeiramente alterado. São 14, se não me engano, as possibilidades de calendário*. Isso significa que apesar de todos os anos serem iguais em sua estrutura, muda a combinação de dia-do-mês com o dia-da-semana, de maneira que só vivemos cerca de 6 vezes em cada calendário ao longo da vida**. Isso nos dá a possibilidade de fazer aquela pesquisa: o que de importante na história aconteceu nesse dia-mês, quase que eternizando o que é, por definição, efêmero. Congelar o efêmero! Congelar o tempo! É isso que fazemos o tempo todo. Somos fotógrafos de momentos, de sentimentos. O envelhecer nos torna saudosos. E o sonho? Ah, o sonho é a saudade do futuro, do que ainda não chegou.

Os que vivem o momento, os que sonham e os saudosos são todos humanos. São diferentes reações a um mesmo sentimento. A noção de tempo é talvez o sentimento que define nossa humanidade – e nos separa dos Homo sapiens não-humanos que abundam por aí. Tá, é uma distinção fraca e cheia de problemas que acabei de pensar. Talvez ela não se dirija exatamente ao alvo, mas ao menos traz a tona um elemento interessante. Deixa quieto!

Há um ciclo e uma tendência. Mas o rumo da tendência não é independente do ciclo. O momento de crise espiritual (no bom sentido, de revisão de conceitos e "paradigmas") em que estamos (o fim de cada ano) nos permite ajustar a direção da tendência, do rumo da vida que queremos trilhar.

“Ok. Muito interessante! Mas... aonde você quer chegar?”

A lugar algum, meus caros. E esse é exatamente o grande mistério do tempo!

*Posso ter errado na conta, mas pensei assim: o ano pode começar com qualquer dia da semana (são sete) e pode ser bissexto ou não (duas possibilidades). Então, 7x2 = 14.

**O que dá uma expectativa de vida de 84 anos.

18 de dez. de 2007

Nunca mais

Nunca mais (Quoth the raven: Never more)


Nunca mais eu me pinto,
Com esmero feminino
Para te dizer quem sou.

Nunca mais te escrevo,
Cartas do meu íntimo
Te jurando pudor.

Nunca mais te perdôo,
Com lágrimas nos olhos
E no rosto, um rubor.

Nunca mais eu te verso
Nem por outros versos
Para acalentar minha dor...

Nem mais desespero
Só porque eu te quero
Ébrio de amor...

10 de dez. de 2007

são caras que só lembram que você pode ser linda na hora que eles querem sexo.

são bocas carentes que buscam companhia entre toques e taças.

são garotas vazias que desfilam buscando a evidência de suas coxas e a invisibilidade de suas dores existenciais

são situações que cavo no chão um buraco, onde jogo o pensamento, enterro e me calo.

vida vivida,é você que eu não quero
é você que eu nego

premeditada
destino linha
fatalidade
certezas
dogmas



vida que vivo,vida que vive,vem comigo
dança comigo
atravessa esta rua comigo,porque hoje tudo que quero é deitar
ser vã, vadia e vazia
ser como todos que critico
ser a cara do meu maior inimigo
ser eu mesma com a pior das intenções
ser eu mesma sem um pingo de amor pulsando em meu sangue
ser uma árvore seca pela ausência de alma e luz.

1 de dez. de 2007

Perguntas

Três amigos foram num bar. Beberam, se divertiram. Conversaram sobre tudo o que se conversa num bar, ou seja, de futebol à efemeridade da vida, passando por mulheres, relacionamentos, os meandros da politicagem brasileira e a síntese kantiana. Já eram quase três horas da manhã quando resolveram ir para casa. Pediram a conta.

O simpático garçom a trouxe: 15 reais. Uma pechincha! O dono do bar era amigo pessoal deles - abrira várias cervejas de graça, tomando apenas um copo. Pois bem, cada um sacou uma nota de cinco da carteira e entregou. Quando o dono do bar foi receber, viu que eram seus amigos pagando e, mais para lá do que para cá, pegou 10 reais para o caixa e mandou o garçom devolver-lhes a outra nota de cinco.

O Garçom, muito sabiamente, percebeu que não seria fácil devolver 5 reais para 3 pessoas bêbadas: haveria algum tipo de discussão inconveniente. Teve então a genial idéia. Sacou do bolso direito da sua camisa 5 notas de um real e guardou aquela nota de 5 no referido bolso. Pegou duas das mais velhas daquelas cinco notas e guardou no bolso esquerdo de sua calça social. Entregou uma nota de um real para cada um dos 3 amigos.

Agora. Pense bem! A conta acabou saindo por 4 reais (5 – 1) para cada um. 3x4 = 12. 12 + 2 (que ficou no bolso da calça do garçom) = 14. Engraçado... onde foi parar o outro real?

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Toda pergunta contém em si a sua resposta. A boa prática científica funciona assim: se eu quero pesquisar um tema, devo ter algum juízo prévio sobre o assunto que servirá de guia. É claro que se deve ter flexibilidade para rejeitar o juízo prévio ao longo da pesquisa. Mas ele é necessário como norte. Para pesquisar alguma coisa, primeiro temos que saber o que nos inquieta. E para que algo tenha esse efeito sobre nós, provavelmente temos algumas hipóteses para responder a pergunta, que serão testadas ao longo do trabalho.

Essa história é um típico exemplo de erro na pergunta que acaba por conduzir a ausência de resposta. Não vou dizer qual o erro, é claro! Divirta-se!

Mas ela me faz pensar nas várias “perguntas filosóficas clássicas” que permanecem sem resposta. Será que elas não padecem do mesmo erro?

Por exemplo, aquela santíssima trindade: “o que somos, de onde viemos e para onde vamos?” (nas suas mais variadas proposições). Fora milhões de outros temas. Não preciso aqui perder tempo dando exemplos quando você mesmo (ou mesma, para entrar no clima dessa forçada igualdade de gênero na linguagem) sabe.

Uma imagem muito boa para isso é a da vibração de uma corda. O movimento (harmônico) que ela exibe se tocada não vem do toque, mas de propriedades inerentes à corda. Será que ficamos procurando pelo dedo que toca a corda, ao invés de descobrir quais são as propriedades dela?
Será que durante mais de 3 séculos buscamos em vão respostas para as perguntas que de fato não tem resposta? Mas só porque fizemos perguntas que contém em si a inexistência de resposta. E qual é a pergunta que nos permitirá chegar numa resposta? (já até abandonei o “pergunta certa” agora).

Para terminar numa perturbadora circularidade (ao menos para mim): será que questionar sobre as perguntas que nos fazemos é uma pergunta com resposta?

18 de nov. de 2007

Arte?!

Isto é
ou não é
Arte?

Aquele velho
encostado na parede do arranha-céu
dispõe apenas de jornais velhos
e de dois pedaços de papelão
para se proteger do frio.

Aquele menino moreno
joga bolas para o alto
equilibrado nos ombros de outro
não desiste de ganhar suas moedas
- cada sinal vermelho é uma nova esperança.

Aquele vendedor malandro
vende ao turista pelo dobro do preço
tudo que o carioca jamais usou.

Aquele sujeito desempregado
vende honestamente
todo tipo de ácido
para um bando de jovens
ricos e fúteis esquecerem
por uma madrugada
suas vidas medíocres.

Aquela menina
talvez nem 12 anos
vende a alma e a infância
como quem chama um taxi
nas ruas escuras de bairros nobres.

Aquele rapaz de classe média
assiste a tudo impassível
e desvia o olhar
tem vergonha de lembrar.
Quando desabafa
se perguta:
Será que é tudo?
É tudo o que posso fazer?
Um mero teatro... só que de palavras.

(...)

Isto é
ou não é
Arte?

Arte:
do grego,
atividade
adequada
a um fim
- sobreviver

(ou melhor, resistir)

19 de out. de 2007

Eu juro por todos

Esse texto nasceu no ônibus 260, ficou perdido no meu caderno por meses e semana passado o achei. Servirei ele cru para vocês.
Deixo assim, como chegou até mim.


"Há dias em que o 'carpe diem' parece morar na utopia", Mel Gustav




Aviso: Para os desinformados, nessa última quinta do mês de outubro encerra o MOLA { Mostra Livre de artes} que está ocorrendo no Circo Voador { que fica na Lapa, embaixo dos Arcos}.
Essa mostra está rolando desde o início do mês de outubro, toda quinta-feira.
Ela é recheada de peças, shows, cinema,perfomaces,obras e gente,muita gente!
Começa às 18hs e vai até 2hs da matina.
A entrada é franca até as 2ohs, depois é 10 reais a inteira e 5 reais a meia!
E ah, eu estou expondo 3 desenhos meus, e quinta estarei lá. ;*




Boa noite!




Mariana




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e o trem rasga o aglomerado de perdas que há por cima dos trilhos
o barulho cega
a velocidade abafa as dores, as feridas recém-abertas e os gritos

ai,e o trem demora tanto
parece interminável sua presença
o som de sua passagem ecoa nas cabeças
não,interminável é a violência
pratos voam
ela agarra algo em busca de defesa
atira contra
chora por
cai em
são lágrimas
são soluços e
é achado um retiro no canto atrás da mesa
é estabelecido uma fortaleza: não vou contar pra ninguém
o cheiro de proteção chega com a brisa que anuncia a chuva que está próxima

já faz um tempo que o trem deixou de existir
e a briga, de que briga você está falando?
já estão todos em silêncio,
de forma bem covarde,morta,imunda,culpada,ignorante,fadigada,paralítica,castrada.
todos aceitaram o fato do trem ir e vir, assim como de haver sempre violência e mais violência, assim como o fato de não poderem falar, queixar-se da dor ou pensar com mais amor o que é a vida

"a vida é difícil" e só, isso basta!
é um todos tão só
é um só tão coletivo
que vira epidemia e muitos compram a camisa e entram para o grupo
"a vida é difícil, aceite isso para facilitar as coisas, para doer menos e morrer mais rápido"




eu juro
juro não beber
não olhar mais pra ele
não roubar seu dinheiro
juro voltar pra casa antes de meia-noite
juro que tentarei
juro não mentir
juro que vou voltar
juro que não fui eu
juro não jurar mais
eu juro que não bato mais em você
eu juro que não te bato mais
eu juro

7 de out. de 2007

Palavras

Algumas palavras me intrigam profundamente. Como elas conseguem dizer coisas tão diferentes quando só alteramos o seu contexto? É incrível. Na verdade, alguns de seus significados são mutuamente excludentes...
Vou dar alguns exemplos:

Obrigado.
"Obrigado por ter vindo"
"Ele foi obrigado a ir lá"
Se agradecemos a alguém por qualquer coisa, é sinal de que ela não foi obrigada a fazer aquilo. Fez de bom grado (ok, você pode ser um teórico da conspiração e achar que ela teve algum interesse. Mesmo assim, ela fez isso por um ato de vontade). E se você for obrigado a fazer algo, não receberá agradecimentos. Não é estranho?

Mente.
"Ela mente para mim."
"Não consigo entender o que se passa na mente dela"
A mente, símbolo da razão, deveria (ao menos na minha cabeça iluministóide) se relacionar intimamente com a verdade, não com a mentira. Como o verbo da mentira estar contido no mesmo codígo da inteligência humana? Ou será que minto para mim mesmo quando falo que a mente é a verdade, quando ela é de fato a fonte de todas as mentiras?

Hoje foram só esses dois que lembrei. Se quiserem me ajudar, serão bem vindos...
Não se sintam obrigados a fazê-lo, mas direi obrigado se o ajudarem!

28 de set. de 2007

Longe da minha melhor forma...só p/ não passar em branco de novo...

Isto é uma desculpa!

Ando muito cansado,

Cansado de amar,

Cansado de escrever,

De ler, de raciocinar...

A vida caminha,

Eu não...

Eu descanso, eu ignoro-te,

Eu fujo da vida, fujo do sol,

Viro a face para o lençol

E é tarde demais, eu durmo...

Vida!

Tu és quem caminhas,

Enche corações de esperança,

Faz a terra rodar,

O sol nascer,

E todo mundo crer

Ser para sempre...

Vida burra...

Tu caminhas e cansas,

Eu descanso e vivo...

18 de set. de 2007

Eu a conheci no meu primeiro dia de aula na UERJ, com muitos pensando que 'somos' irmãs e ainda por cima gêmeas. Hoje, é difícil dizer que me sinto só, pois quando eu olho para a Lua, ela sorri e lembro-me da minha hermana.
Essa senhorita de nome Carolline tem um jeito de amar que encanta as palavras e elas a seguem, entusiasmadas,desarmadas e livres.Acho bonito,também, quando Caroll declama sobre o silêncio, é tipo um sopro e onde lá se vai borboletas.
Hoje oferece a você algo além do 'bar bar bar' do dia a dia (que ainda nos é preciso),exponho aqui a união de um texto dela com um meu:fotolog e comentário.
Peço perdão as outras pessoas que comentaram nesse dia também e que foram abstraídas, dessa vez.
Agora vamos a 'união' que não é tudo, mas é coisa boa: água para a alma beber.

Boa tarde,mortais e imortais.


ass.Mariana


[fonte:http://www1.fotolog.com/apenas_sinta/30080565]

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e de mãos em mãos
formamos nós em nós
que não sabemos onde começaram
que não sabemos que não tem final

e quem ousar a desatar
será razão de mais laço apertado

família dos caminhos tortos
e nós cegos de amizade:

((a.m.o.r.))


eu com o Amor entro
vento
sopra
move
faça todos dançarem
faço todos cantarem
algo que nos une
que nos desata
das falas bobas
da censura
do tapa
do soco

sopra o vento
levando o amor comigo
pra todos os cantos
com todos os cantos sobre liberdade
pra despertar almas aflitas

há algo maior
há algo melhor

nós
nós somos nós ou fitas livres no ar?

8 de set. de 2007

Infinito

O infinito é a coisa mais efêmera que já experimentei. Seu nome é uma frase completa. Mereceria ponto final. Mas ele só faz sentido na voz dos poetas, em versos sem nenhuma pontuação. Faculta ao leitor exclamá-lo, interrogá-lo, virgulá-lo, pontuá-lo, reticenciá-lo a seu bel-prazer.

Não sou Alice. Não me dou conta que caminho pelo país das maravilhas. Sou o coelho. Sempre atrasado para tomar o chá das 5 com a rainha de copas sem coração. Incapaz de perceber os absurdos maravilhosos que ocorrem a minha volta.

Um livro! Sim, como não percebi antes? Isto só pode ser um livro. Curioso que sou, fechei os olhos e tentei ler sua última página. O caríssimo leitor e a encantadora leitora, mais sábios do que eu, previram com exatidão o resultado de minha vã tentativa. Não encontrei. Não pude ler a última página. O que, na verdade, é uma sorte: poderei escrever a história que o livro conta palavra por palavra e você poderá deliciar-se com ela sempre que quiser. Até enquanto espera seu ônibus, oprimido entre transeuntes e veículos fumacentos - pois quando se mergulha no infinito, ele nos toma por completo...

Mas, enquanto ele não chega, boa viagem!!!

19 de ago. de 2007

Duas horas

Duas horas (ou uma vida)

Em meio a tanto cimento
O meu sofrimento é por
Não viver o caminho que estou...

Vou de carona andando
Em silêncio cantando
Do Leme ao Arpoador

Passo no Jardim do teu Deus
E dou logo um adeus
A tudo o que já se passou

Como o gênio da lâmpada
Em garrafa com tampa das
Horas escravo sou

Na auto-estrada da vida
Nada me intriga
Vivo sem tirar nem por

Depois de um escuro sem muro
Me vem à barra da boca
Um sorriso prêt-à-porter

Na estrada um bandeirante
Meio delirante me conta
de quem estou à mercê

E com o velho deitado
Passando ao meu lado
Já não me sinto sozinho

Chego em casa e escrevo
Um poema sem tema
Apenas curtindo o caminho

10 de ago. de 2007

...

Vai, me diz, pensaram que nunca mais eu iria dar as caras aqui,não é?
Pois então, cá estou eu, viva.

Estou numa fase de textos curtos e desenhos mais abstratos do que nunca.
Para vocês deixo um texto, um fragmento de um momento.

[dois abraços apertados para meus companheiros de blog, que cujas mãos nunca me deixaram]


Mariana

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[a porta é fechada e algo cái no sofá]


drama
drama
drama
drama
drama
'dramáaatica'
...
ai, até me falta ar.
lá se vai
o tempo do drama
jogar-se no chão
exigindo.
roer unhas compulsivamente
tremer,tremer por respostas e ligações
espinhas
arranhões
tensões
mais um gole,e outro
outro
mais um ,por favor!


ah, isso nunca irá embora...
entendeu,garota?


[o 'algo' suspira]


o medo sempre te acompanhará
o medo de ser aprovada
o medo de ser mais uma dentro de uma saia
dentro de um carro
dentro de um coração
dentro de uma gaiola
dentro de um corpo


o medo trás dúvidas,opções
fugir ou não
engulir ou não
chutar ou não
rezar ou não
comer ou não
gritar ou não
rir ou não
protestar ou não
cantar ou não
aplaudir ou não
ser ou não


a dúvida vem para arrebatar seu sossego
rasgar suas sedas vermelhas
fazer seu sangue fluir de forma diferente,
num ritmo diferente
a dúvida te faz viver e avaliar
questionar-se
medo,dor,entusiasmo,amor,liberdade
eles irão acabar contigo até você ser
até você expressar e não mais querer representar


eles te colocarão em frente à ponte,
e seguir ou sentar será opção sua

30 de jul. de 2007

Quem sou eu?

Não sei quem eu sou
E ainda estou longe de descobrir
Deixo o conhecimento de si mesmo para outros,
Sábios, filósofos, poetas...
Todos estes que prezam a intelectualidade,
E sabem utiliza-la corretamente.
Porque esta má administrada,
Perde todo o seu brilho,
E termina cruzando a tênue linha
Que separa o intelectualismo da banalidade.

Portanto não me ocorre que eu,
Com apenas 17 anos de vida.
Seja capaz de chegar precisamente
Ao âmago de minha essência.
E num processo de mimesis,
Expor a todos que desejam saber:
Os meus mais profundos sentimentos,
As mais dolorosas recordações,
E os mais vis pensamentos.

E além do mais do que me adiantaria?
A vida muda em cada segundo,
E eu não difiro em nada.
Sigo essa constante e nela creio cegamente.
Logo, responder a pergunta:
Quem sou eu?
Para mim é pura perfídia
E pior, é quem acredita em suas próprias respostas,
E passam a ser nada mais do que aquilo escrito.
Não, não serei como esses.
Nem tão pouco como os que não passam de adjetivos,
E complexamente destroem a alma do substantivo:
Eu!

Nisso sinto um profundo pesar por Descartes,
Sartre, Freud...e tantos outros filósofos.
E todas suas idéias deturpadas.
Caindo por terra em apenas uma pergunta!
E seria muito lembrar ainda de:
“Penso, logo existo.”?
Sim, seria!Pois somos adjetivos
E disso não passamos!

Mas, que seja...
Ou talvez eu que não seja assim,
Ou eu nem seja o que sou!
E tudo que digo não passe de enganação,
Afinal, eu não sei quem sou.
E mesmo que soubesse,
Não acredito que eu fosse muita coisa.

E quem eu não sou, eu sei responder!
Nada de diferente,
Nada de inexplicável!
Porém em mais profundo segredo.
Vos digo que a chave está no que escrevo,
Pois, nada sou além do que este poema,
Simples, sem grandes intenções,
E banal aos olhos da maioria,
Mas com um gosto especial a aqueles que o compreendem!

17 de jul. de 2007

Paulista

Quando desembarquei (não... não vim de barco: os rios aqui são por demais poluídos) meu nariz avisou imediatamente a baixa umidade do ar. O peso da falta de oxigênio foi agravado por uma baforada de nicotina que recebi de um transeunte. O impacto foi de um soco no rosto. Parece que se fuma bastante por aqui. É uma tribo engraçada, aliás. Todas as mulheres andam muito bem pintadas. Uma pintura que parece querer realçar a falta de beleza de seus corpos, como que para tirar os olhares masculinos de suas cinturas.

Caminho. Caminho. Não levo nenhum esbarrão. Aqui as pessoas desviam, evitam colidir umas nas outras, como noutros centros urbanos. Só me resta a dúvida do motivo: excesso de humildade ou falta de calor humano? O segundo está estampado nas faces sisudos e distantes, mas o primeiro aparece quando peço orientação e recebo um sorriso fácil e muito empenho em ajudar. É... na dúvida, acho que estou errado! Deve haver um terceiro motivo, que o olhar estrangeiro não consegue captar.

O passeio turístico é ver prédios. Alguns de arrojadas linhas modernas que desafiam a gravidade. Outros com a classe dos tempos de outrora, mínimos detalhes e enfeites. Todos grandiosos devoradores do horizonte. Cada um conta um pedaço da história da cidade que definem. Contam sobre os juízes, sobre a fé de seu povo e sobre as constantes reviravoltas do mundo dos negócios. O ócio aqui é negado a todo instante. A pressa é tanta que o tráfego de pessoas flui tranquilamente: “para ir, as pernas estão num automóvel – sem andar”. O ócio aqui clama por seu lugar, forçando-se no meio dos veículos parados pelo congestionamento.

No parque, os nativos atiram-se na grama como que para equipararem-se a ela e compartilharem a forma peculiar dos vegetais de obter energia do sol. Um sol entre nuvens. Nuvens que derrubam fina garoa. A garota de Ipanema não vem nem passa. Só cantam suas belezas nos botecos do centro. Mas a felicidade do amor platônico supera em muito o desgaste de conviver com a irritável garota todos os dias.

Não só de elegância se vive. Vi pobreza também. Mas só por trás de um vidro fumê. Parece que as classes sociais não se misturam por aqui. Cada um tem o seu lugar, bem distante um do outro. Sua tribo. Seu espaço. Sua galeria. Para os turistas, como eu, só se mostram o luxo e a beleza. Beleza que, sim, aqui põe a mesa – a comida parece estar elevada ao nível de obra de arte para satisfazer não só as necessidades do corpo como também as da alma.

Caminho. Caminho. Até que não foi um caminho longo. Mas tudo parece grande, espaçoso. Vultos diluem-se na paisagem. Da Liberdade ao Marco Zero, do Marco Zero ao chá, do chá ao mais famoso cruzamento do Brasil. Passei pela decadência de uma augusta rua e tão logo estava de volta na mais paulista das avenidas. Pronto para fazer todo o trajeto de novo, como se o relógio tivesse parado enquanto eu andava.

Mas o meu caminho agora era o marginal. E do marginal para seguir a rota do Sr. Eurico Gaspar.

8 de jul. de 2007

Discurso

Liberdade ainda é o tema recorrente aqui n'O Teatro.
Eu tenho uma posição bem definida para isso (que meus companheiros com certeza discordam): não existe liberdade plena. Ela é sempre limitada. Sim... isso é alguma dessas correntes filosóficas modernosas que tem por ai "no mercado" (hauhauahuahua... que escroto falar nesses termos, mas não resisti). Se vc quiser saber mais, é fácil de achá-las por ai. Eu mesmo nunca as li. Lembro de um "funk filosofico" do ChargesOkê que dizia no refrão: "há um limite na verdade, a própria liberdade" hauhauhauaua... fazia referencia a Sartre. Sim, o Jean Paul... aquele fanfarrão das quatro paredes! Foi só um exemplo.

Devaneios a parte.
Fiz um discurso esses dias (fiquei orgulhoso... gostei do que falei, apesar de naturalmente ter gaguejado mt). Ali falando eu achei mais um limite para a liberdade. Citei um poeta (ainda não me lembro o nome dele) que afirmava ser impossível ter mts amigos - "a amizade requer um certo paralelismo". Ele postulava raro esse paralelismo. E é a mais pura verdade. Ter um amigo demanda tempo. Sim. Esse velho chato que a gente vive falando (e reclamando) aqui... Eu pensava: como posso achar que tenho todos aqueles amigos que me rodeavam (e muitos que não estavam presentes) se "a amizade requer um certo paralelismo".

Para me safar do problema, foi só jogar a culpa no velho ranzinza! Tão simples! Sedimentar uma amizade requer um tempo e uma dedicação muito grande de ambas as partes (reciprocidade). Temos sempre muitos amigos potenciais. Mas por circunstâncias váriadas alguns são "escolhidos" - conscientemente ou não - para receberem de nossa parte a dedicação que pode fundar a amizade! (ok... dependendo do caso, afundar). Eu disse lá algo como: se eu tivesse várias vidas, dedicaria cada uma delas a respectivamente um dos presentes.

É só isso. No fundo eu queria só registrar aquele discurso. E queria também me livrar da necessidade de ter alguma idéia genial para poder postar no blog. Nosso próprio juizo crítico é um forte cerceador da liberdade também. Eu só quis me livrar dele, e escrever livremente uma vez na vida. Haverá outras. Só espero não ter abusado da paciência de ninguém...

P.S.: Aos que não foram convidados, minhas desculpas. Minha cabeça não tem funcionado bem últimamente.

26 de jun. de 2007

Um belíssimo texto de um grande amigo nosso:

Da Liberdade de Escolha ou Viagem ao Reino das Palavras

Algum tempo atrás li algo interessante sobre um dos motivos, até então meu desconhecido, da imparcialidade no texto jornalístico fazer parte de uma constante e inatingível busca. Quanto à constância, não vou perder meu tempo explicando, já que faz parte de uma ética que tentará me guiar quando, caso se, exercer a profissão. Inatingível porque, em relação ao motivo (o porquê) citado, que me motiva (estimula) a utilizá-lo como motivo (tema ou desculpa) introdutório do texto, é impossível escrever um texto, jornalístico ou não, desacompanhado da força esmagadora e castradora da liberdade de invenção. Aliás, o mal não é necessariamente a liberdade de invenção. Ela está à mercê e não passa de mera rebenta da liberdade-mãe, muito mais repressora e sufocante, a liberdade de escolha. Escolher é doloroso. Nos faz ganhar e perder simultaneamente, e não estou me referindo nem aos efeitos positivos e negativos de uma escolha específica em uma situação específica. Não estou divagando se “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Estou afirmando que a segurança desse pássaro na mão, sua posse, não nos livra do I.C.E.P.E. (Inevitável Conflito Existencial Pós-Escolha), vulgo “e se”. Depois de passados angustiantes segundos, minutos, horas ou até dias de balanceamento mental das qualidades e defeitos de três meras e malditas opções, mutuamente excludentes, nos deparamos com um saldo de um ganho e duas perdas, uma certeza na mão e duas voando e, por mais acertada e deliberada que tenha sido a escolha, o espectro do “e se” vem do passado nos fazer arrepender do que não fizemos e amargar a perda do que poderíamos ter conseguido.

Para você que não entendeu como tudo o que foi dito até agora se relaciona com a parcialidade de um texto, o que acho bem provável, vou explicar sem rodeios: ao optarmos por determinada palavra a ser colocada no início da primeira frase do primeiro parágrafo de um texto, podemos estimar quantas estão sendo rejeitadas com o auxílio de uma edição-monstro do dicionário Aurélio com cerca de 2000 páginas. Todo processo de escolha é parcial, porque demanda juízo de valor, atribuição de importância, abdicação das possíveis abordagens, conotações, cargas semântica e ideológica dos vocábulos desprezados, que tendem ao infinito, em nome do efeito maciço, palpável e realista da palavra contemplada com a bênção da participação num texto. Não há Jornalismo isento ou imparcial pela razão óbvia e entranhada na profissão de que não há comunicação sem tomada de posição.

Sei que pode parecer contraditório a existência de uma liberdade repressora, embora ache que ela não seja tão danosa porque boa parte das pessoas (não direi todas porque tenho autoridade para me excluir desse esquema) não tem plena consciência, ou, se tem, não o faz de maneira conscienciosa, de que o processo de que se valem para escrever um texto, a inclusão excludente, é o mesmo empregado na escolha do emprego, da namorada e nos jogos de loteria. Com a diferença crucial que, por questões de desinformação ante esse processo, no caso positivo, e de indiferença literária, no caso negativo, namoradas, empregos e bilhetes azarados causam bem mais dores de cabeça. Benditos sejam os alienados, despreocupados ou sortudos que não lerem ou ligarem para esse texto. Deles é o Reino das Palavras.

Isaac Bruno

10 de jun. de 2007

Antes de começar a leitura desse texto queridos leitores, queria dizer que o dito cujo já fora escrito há muito tempo, e estava guardado em minhas gavetas de textos que talvez algum dia sejam publicados...Nessa fase eu pensava muito sobre a existência de Deus(coisa que faço até hoje) e no sentido de ter uma religião...Espero que apreciem as minhas conclusões...críticas ou elogios nos comentários por favor...

Marx, Deus, eu e o Brasil

Como soa para mim a palavra religião?Como defensor de algumas idéias comunistas, ela me soa exatamente como Marx dizia:”A religião é o ópio do povo.”.Porém, seguir cegamente uma idéia, sem previamente considerar as situações vistas e as variáveis que um ambiente pode empregar, soa pelo menos para mim muito mais venenoso do que o próprio ópio destilado pelas religiões.Digo isto, não sem antes pensar e refletir muito, pois, tenho em vista que considero o meu povo*, e toda sua cultura , seu romantismo enraizado que traz uma necessidade de acreditar em um futuro, por mais que o presente não lhe ofereça um perspectiva muito boa deste.
Assim como um náufrago que por amor a vida se agarra a um pedaço de madeira flutuante, até mesmo quando tudo ao seu redor seja a morte e a solidão, o povo brasileiro necessita de algo a que se prender também, algo que lhe traga fé, alívio e uma embriagada esperança.Lacuna a qual deveria ser preenchida pela luta diária por melhorias ou pela vontade de transformação social constante, porém, numa luta onde os líderes são os primeiros a desertar e a mudar de lado na batalha, torna-se inviável esperar que o brasileiro não tente encontrar na metafísica ou no misticismo o herói perfeito, o ser idealizado que virá salva-lo das garras da opressão.
Portanto, na mais pura sinceridade, vos digo que a religião é o que o povo brasileiro talvez tenha de mais importante e sincero.Pois apesar de todos os desvios cometidos pelo próprio homem e da minha dúvida constante na existência de um deus (que ainda não nos ouviu, ou anda com preguiça de nos responder),é ela que ainda faz essa gente sofrida e pobre ter coragem de levantar da cama todos os dias e não ligar para mensalões, políticos desviando verbas, escândalos e tragédias, ignorar na mais pura das ignorâncias a Amazônia e os protestantes do MST, ignorar também a fome e a miséria, e sua realidade de cada dia.Em suma, o povo brasileiro não pertence mais a essa existência, pois com tantos problemas consegue ser capaz de esquece-los e continuar resignadamente o seu caminho, enquanto eu, como triste poeta e escritor, tão preso ao meu mundo material e a Sartre, ainda preciso me beliscar para crer que realmente existo, e que tudo que vejo e ouço é real.

1 de jun. de 2007

Pupila

Pupila

As estampas coloridas da tua camisa
Permeiam o negro dos meus olhos
É a luz, que enche de luz o vazio

Se olhares de volta, verás
Na minha camisa branca
As mesmas cores

- E o mesmo negrume vazio por dentro

Sim, sou pupila!
E tu também o és, mas nega...

Um grande vazio cercado
Por vasos pulsantes
Que se adapta ao sabor
Da intensidade luminosa.

“Acredito em tudo que existe”
“Não acredito em nada que não existe”
“É por isso que não acreditas em mim
Embora eu acredite em ti.”

Perguntas sem resposta
E respostas sem pergunta
O que fazer?

Paro de pensar e tento viver
Mas as respostas que a vida traz
Não respondem às perguntas
Que minha razão faz

... eco, fluxo de inconsciência

Bah... esqueça tudo!
São só palavras,
Palavras que trazem palavras que não trazem nada
Apenas contraem e relaxam
Revoltam e acalmam
No ritmo das paixões

São como nós...
Pupila

21 de mai. de 2007

Supernova

Minhas estrelas também explodem...
Logo elas, que julgava eu, terem brilho próprio!
Mas talvez esse brilho inócuo para mim,
Signifiquem para elas, puro ópio...

Minhas estrelas têm cinco pontas...
Todas tão brilhantes quanto o seu centro
E suas cinco pontas apontam
Para todas as direções
Mas, pobres estrelas...
Nunca souberam qual seguir!

Minhas estrelam voam muito alto!
Mas sempre tão sozinhas...
Talvez por isso me pareçam tão tristes!

Minhas estrelas acham que não têm fim!
Mas não faz muito tempo umas delas explodiu...
E tudo quanto era sonho, soneto ou poesia
Sumiu...

Minhas estrelas pensam em revolução!
Mas nunca quiseram entender
Que não há meios de revolucionar
Quem nunca quis libertação!

Ângelo Cruz

13 de mai. de 2007

Eu e meus leões



É, à noite, que os leões saem para suas rondas
pisam deixando marcas
pesados e cansados
eles vão caçar


durante o dia,eu brinco, corro e escapa-me sorrisos
no entanto, a noite chega
é hora de esconder-se
os leões estão vindo


contudo
hoje, não quero ir para a gruta
hoje, não quero sair daqui
você viu?
as estrelas estavam todas sorrindo para mim
agora, as nuvens as esconderam
está chovendo...


o barulho da chuva é música
e as estrelas dançam
a escuridão desta noite não me dá medo
e não há frio
a água caindo sobre meu corpo parece abraçar-me
e eu gosto dos meus cabelos assim, molhados


sinto que os leões estão próximos
seus pesados passos os denunciam
e a lua finalmente os ilumina
estamos frente a frente
não me mexo, só os encaro
um gota que não é chuva cái de meus olhos
{cansei de me esconder deles}
eles se aproximam
eu me sento e eles, sossegados, deitam-se ao meu redor.


*******************************************


cansei
cansei de correr dos meus pensamentos por medo de encará-los
sempre à noite a solidão apronta uma revolução
machucando-me e ferindo minha alma tão menina, tão entusiasmada.


a solidão vem como uma velha descrente e ignorante
que reclama da vida como fala de uma viagem de trem do nada para o nada,
onde no decorrer dela as pessoas sofrem, choram, sangram e nada mais.
as coisas boas são iguais as flores dos campos que estão do lado de fora do trem
cujo o cheiro entra pelas janelas
você acha belo o que seus olhos encontraram mas não pode ir lá fora,
não pode tocar as flores, não pode senti-las.
{não tem coragem de parar o trem e sair dele para viver de verdade}
a visão foi apenas um momento feliz
{lembrete do que seria um momento feliz}


não
hoje, não
hoje, meus pensamentos não me devorarão
eu sou mais que eles
eles são partes de mim e não me possuem.
eles estão integrados ao que sou, mas sou eu quem os ensino e os crio.


basta!
eu quero estar em paz
deitar-me e esperar o sono chegar
sem agonia ou lamento
serei eu comigo mesma
eu e eu
juntas
rindo e sentindo as estrelas
livres no meu pensar


o ato de pensar e por meio dele decidir o que fazer sempre te ajudará a seguir em frente
mesmo que o decidido seja repousar, esperando algo, você está "indo"
mas se seus pensamentos te fazem afundar em águas profundas demais
se eles te fazem regredir a um passado e te deixam lá, preso
se eles te fazem deixar de querer viver
não os culpe
é você que não quer viver,
é você que não quer deixar o passado e enfrentar o presente,
é você que não quer nadar


você é dono de si
dono de si e de seus leões.
pensamentos leões não me devoram mais.
os meus, de hoje em diante, são vegetarianos
e por isso ficaram verdes como eu.
{pois,atualmente, minha alma é verde}


*******************************************


E assim, eu e os leões, dormimos, sem ninguém a nos ver.
Camuflados sobre o campo verde, abraçados pela chuva e abençoados pelas estrelas, que por cima das nuvens carregadas dançam, nós encontramos paz...





___________________________ Mariana___


É maravilhoso estar em casa.
Com saudades sempre estive. Não importa mais porque me ausentei, cá estou pronta para contar, desenhar e falar sobre tudo e nada, e lembrar a vocês, sempre que eu puder, de aproveitarem suas vidas de verdade e com dignidade.
Aos companheiros de blog, meus abraços e potes cheios de beijos.
Obrigada por me esperar e respeitarem minha saída por uns tempos.
Adoro vocês, meninos!
... lar doce lar...
voltei

Obrigações

As ironias e os pensamentos circulares perpassam todos os campos da nossa vida... é uma coisa incrível. Dessa vez estou escrevendo no blog não por aquela espontaneidade que prezamos, mas por pura obrigação. Estipulei com o Flávio um mínimo de um post por semana, e como os dois últimos foram dele, é a minha vez de honrar o compromisso.

Eu tenho muitos outros temas entalados na garganta, mas que ainda não consegui encontrar coragem e tempo para escrever. Essa desculpa do tempo me leva de volta às obrigações. Tenho que postar no blog, mas também tenho que estudar para uma prova terça-feira (coisa que não fiz durante o final de semana inteiro e deixei para o domingo a noite). Vai acabar do jeito de sempre... farei um post medíocre e estudarei menos do que deveria para a prova - tirarei uma nota igualmente medíocre.

(...)

Estou preso, sim! por amarras que eu mesmo criei. EU que quero estudar na universidade, EU que quero manter um blog ativo. Sou prisioneiro de mim mesmo, diria o individualista. Mas você faz isso porque a sociedade cria em você essas necessidades... são meramente formas de posicionamento e expressão que o grupo social impõe como condição para participar dele, diria o sociólogo. Mas isso nos leva de volta volta à vontade do indivíduo - parte de mim a escolha de que grupo social me inserir: seria uma boa réplica. Muito pelo contrário! Desde que nasceu, você foi criado em um determinado grupo social que plantou em você a necessidade de estar nele, você não tem a prerrogativa de escolher a que grupo vai pertencer! - seria a tréplica.

O debate continua indefinidademente... só parei porque não sei qual a palavra bonitinha para discussões que vem depois da tréplica. Me recuso a usar "quadréplica" ou tetréplica".

Tenho que ir nessa. Já cumpri minha obrigação aqui.
Mas deixo a pergunta:
- "O que é liberdade para você?"

(Só de eu terminar a pergunta com o "para você", já permiti um certo viés individualista. Mas não tem problema... o indivídualismo é a característica básica da pós-modernidade, ou seja, da sociedade em que vivemos e que nos determina!)

7 de mai. de 2007

Desculpem-me a intromissão, a ousadia e principalmente a cara de pau.Eu que nada tenho com este blog porém tomo a liberdade de fazer um post:

As vias que me levam a relembrar tal história não me são muito claras,porém lembro de ter lido ou visto eu algum lugar o seguinte fato:

Toda lagarta ,na fase de metamorfose, necessita irromper de seu próprio casulo para sobreviver e assim encontrar a liberdade em sua forma mais plena.Embora linda aos olhos humanos quando assume sua fase alada,nada podemos fazer pelo pequeno inseto, pois se forçarmos sua prisão e dar-lhe livremente a liberdade, a pequena borboleta nasce frágil demais para enfrentar a vida.

Adriano Cruz

6 de mai. de 2007

Eu:Por que insistir em um blog?

Eu:Porque o que se cala insiste em ser consumido em sua própria chama que é o pensar ,vulgo penso, agora conhecida como presente, depois...passado...

29 de abr. de 2007

Direito de Resposta

Direito de Resposta

Para ler este texto você deve ter lido o anterior. Talvez não necessariamente ter entendido, porque isso nem eu (que estou representado ali habilmente pelo Flávio) acho que consegui. Sei que não conseguirei responder a altura, porque o nível aqui subiu! Mas darei o meu melhor. Eu sou estou é claro representado no primeiro que fala... é talvez uma conversa que já tive com o Flávio, ou o meio dela. Peço direito de resposta!

(...)
- Efêmera!
- Quimera!
- Que me dilacera se eu não tentar.
Encontrar por meios próprios – seja a social ciência, seja por completa incompetência – a verdadeira mentira. Que se atira do sétimo andar. Cai. E, para ti, se esconde, longe do nosso alcance, no céu.
- Porque não tiras o véu? Cegas a ti mesmo por amor a que? O Romântico aqui sou eu...
- Cego-me por medo, confesso. E não me arrependo.
- Cinismo
- Não, abismo... que se revela. Que me revela. Como apenas mais um do povo. Povo que talvez reza, talvez calcula, talvez não procura, mas nunca se entrega. Inabalável em sua fé.
- Fé em que?
- Não importa. A fé basta-se, intransitiva.
- Divina Providência?
- Ou seja lá em que barco queiras me colocar. Posso colocá-lo em qualquer barco também! Mas, de um jeito ou de outro, estamos juntos! Estivemos e estaremos! Juntos!
- Para a eternidade...
- Efêmera!
(...)

*Parati é o nome de uma cidade fluminense que tem seu nome em homenagem a um Peixe Branco, seu significado em Tupi (or not Tupi?). É a cidade que cedia a Festa Libertária Internacional.

20 de abr. de 2007

No meio

No meio

...
_Então você diz porque sim...
_Sim!
_Resumes tudo numa afirmação!?
_Não...
_Então negas e
Consideras uma devoção!
_Eu!?
_Meus Deus...
_O quê !?
_Cinismo...
_Não, abismo...que se esconde...
_Aonde!?
_Em frente às favelas, de um povo que reza, e também se confessa
Que pensa que é gente mas gente não sente
Que acha que é, mas só interpreta
O que dizem que Deus quer...mas este mesmo despreza...
_Pausa...Me diz isso como algo que se entende
E ainda por cima não se arrepende!?
Você considera tudo sua ciência...
Sua social ciência...e assim se esquece...
Dos fatos de antes...da vida de antes
E acima de tudo...da Divina Providência...
_ Não seja sonhador...dor...dores deveras...
E você me fala das vidas como se fossem primaveras!?
_Ah quem me dera ser sonhador e não enxergar a dor
Fruto que me dilacera,
E que ao sorrir me diz:
Que não sou apenas esta tão frágil...matéria...
_Inconseqüente!
_Mentes!
_Direito à vida!
_Que viva!
_Adquirida!
_Admitida!
_Mentira!
_Verdade!
_Pedaço!
_Eternidade!
...

15 de abr. de 2007

NowHere

NowHere

A glass of wine was poor down
Painting red your white dress
Truth is now unveiled
But my eyes refuse to see

I don’t know what’s going to be found
(Won’t you come around?)
Truth is to the eyes like the underground
(Have I lost in the first round?)

Defines a new way to face life
The skies, once blue, are now red and white
My soul can’t rest in peace anymore
The streets of my dreams lead ashore

(…)

A whisper I hear
From somewhere I cannot reach
Then I have figured out
This road ends nowhere

- And my dream is to be there…


Comentários pessoais:

Esse texto surgiu meio que sob encomenda. E como normalmente acho os espontâneos melhores, esse se saiu bem! É uma letra de música. As partes entre parentesis são os backing vocals... Eu nunca tinha escrito antes nada em inglês com qualquer tipo de pretenção poética. Acho que experimentar formas diferentes de linguagem é o objetivo do blog. E a proposta vem sendo seguida!

Eu tinha na cabeça, quando o escrevi, falar sobre o medo de se entregar a alguém quando da quebra do amor "platônico", enfrentar esse medo de uma forma positiva no final. Mas a Érica quando leu há algum tempo, disse: "Eu vejo um pouco como se deparar com a realidade... a perda da inocência. Mas no sentido de ver os dois lados das coisas, e não só o lado do sonho, do belo..." O que é mais ou menos a mesma coisa, só que num sentido ampliado que torna o texto muito mais interessante do que eu tinha imaginado. Acho maravilhoso imaginar a força das diversas interpretações, como elas exercem um papel extremamente ativo na leitura, mudam o texto, o ampliam, ou eventualmente o reduzem, como na leitura pseudocientifica que tentei fazer na postagem anterior (do dia 25 de Março). E ainda é legal perceber que a interpretação pode nos dizer muito sobre a pessoa que interpreta, como no claro raciocínio dialético que a grande senhorita Kika fez!
Eu ando falando muito de amor nos últimos posts... tenho que variar os temas senão vocês vão acabar perdendo a paciência. Por fim, quero estabelecer o compromisso de postar toda semana!!! Um grande abraço aos meus poucos mas fiéis leitores!

P.S.: Eu e minha velha habilidade de escrever mais no comentário do que no próprio texto! Trálálá!

25 de mar. de 2007

Teoria da relação amorosa I

Teoria da relação amorosa – A interação entre estar num compromisso e receber propostas de outros

A ciência nada mais é que um método para estudar a realidade. Uma forma de raciocinar característica, que se justifica por evitar as inconsistências mais obvias das linhas de raciocínio que somos capazes de criar.

Esse método se traduz em definir o escopo e as hipóteses iniciais do sistema. Escopo significa delimitar, circunscrever a teoria a determinados elementos que se quer avaliar e decidir sob que corte da realidade se quer observar os fenômenos. Tomemos como exemplo uma vaca: um químico a vê como uma grande porcentagem de água, e outras pequenas de potássio, sódio, cálcio etc; um anatomista a dividiria talvez em sistema digestivo, locomotor, respiratório etc; um açougueiro a dividiria em alcatra, cupim, costela (hummm... fiquei com fome agora, vou jantar, já volto!). Onde eu estava? sim!: as hipoteses iniciais. Bom... isso significa que de alguma verdade sem prova (ou seja, chutada mesmo) temos que partir. Uma boa teoria é aquela que parte de poucos e razoáveis pressupostos, mas consegue chegar a conclusões abrangentes e fortes.

Teoria da relação amorosa é o meu título, certo? Um pouco pretensioso, mas de bom tom publicitário. Eu até tenho na cabeça uma teoria mais ou menos formulada sobre o tema, mas vou escrevê-la aos poucos em diversos textos. Na verdade, aqui quero estabelecer como ocorre a influência entre dois fatores específicos das relações amorosas: interação entre se estar num compromisso e receber propostas de outros. Em palavras vulgares machistas: porque mulheres sempre dão mais mole para os compromissados (seja namoro, ou casamento) do que para os solteiros? (se você substituir os gêneros, continua valendo a pergunta – vou usar esses por conveniência de redação)(não... apesar de parecer, não sou machista... só me disfarço de algumas vezes para me divertir as custas das feministas de plantão).

Para evitar alguns erros de análise, como por exemplo pessoas com fetiche por compromissados, a pessoa que se “apaixona” pela comprometida não tem conhecimento prévio desse fato (ou seja, do relacionamento preexistente do outro). Gostaria também de enfatizar que uso a expressão relacionamento amoroso, o que significa em algo mais denso que uma mera conjunção carnal – obviamente não a exclui, mas deve ter outras prerrogativas que não serão analisadas aqui, talvez numa outra oportunidade dentro da teoria da relação amorosa.

Há inúmeros outros fatores que interagem para determinar o interesse por um relacionamento com determinada pessoa: dentre eles podemos citar a auto-estima, personalidade, sucesso profissional, bens materiais, entre outros. Vale lembrar que não é razoável usar a palavra “amor” dentro desde contexto devido à intensa controvérsia sobre seu uso – o seu uso no título, como já disse, é apenas de bom tom publicitário. Isto também exclui qualquer hipótese de “amor a primeira vista”, se é que esse fenômeno existe. Apaixonar-se já contém a intensidade necessária para os meus objetivos analíticos.

Finalmente, a hipótese empiricamente observável que quero explicar: a determinação positiva entre se estar num relacionamento bem sucedido (apaixonado) e o número de pessoas que se “apaixonam” por você. O que implica diretamente que as chances de alguém se apaixonar por você são diminuidas caso se esteja solteiro. Quero entender porque isso acontece. Caeteris paribus. São apenas duas variáveis – a primeira implica a segunda. Tudo o mais constante.

Como toda relação é composta por duas partes, vamos começar pelo cara que tem namorada. Por hipótese, estar num relacionamento amoroso bem sucedido deve gerar um acréscimo de auto-estima. Uma auto-estima elevada é vital para despertar o interesse do sexo oposto (aqui escrevo sexo oposto em virtude do meu apego à tradição e porque meus dados empíricos são de casos heterossexuais... não tenho dados para afirmar que as mesmas variáveis determinam o relacionamento homossexual). Além disso, quando se é solteiro, cada pessoa nova a quem se é apresentado tem uma certa carga potencial de se transformar em relacionamento, o que gera uma tensão inibidora. Enfim, um comprometido tem uma auto-estima mais elevada e goza de mais liberdade para expor suas características pessoais que um solteiro.

Do lado da menininha carente que se apaixona, por hipótese, mais provavelmente por um cara que tem namorada não é difícil entender. Uma solteira está por motivos inerentes à condição numa posição de auto-estima inferior àquele comprometido e inveja a condição do outro, desejando compartilhar o sentimento já existente. Além disso, observa a liberdade com que a pessoa comprometida se comporta, com muito menos receio de se expor e portanto muito mais acolhedor e compreensivo do que um solteiro.

A afetividade entre dois solteiros tem que surgir do nada, ser criada, enquanto entre um compromissado e uma solteira (ou vice-versa), o benefício do afeto já está presente em uma das pessoas, sendo a outra “carente”.

Assim, admito comprovada a interação positiva entre as variáveis propostas. Para os heróis que leram tudo... alguma dúvida? Questionamento? Revolta?

De toda essa argumentação teórica, poder-se-ia, por exemplo, concluir que a monogamia é um dos maiores absurdos da nossa sociedade, por tender a concentrar a afetividade. O sentimento na nossa cultura deve sempre nascer e morrer. Nunca distribuído.

Mas não foi com objetivo de atacar a monogamia que eu elaborei esse texto... meu objetivo era apenas encontrar as causas de um fato empírico! A ciência em seus objetivos é amoral, a discussão científica deve estar sempre acima de valores, pois busca sempre a verdade!!! Aliás, todo esse moralismo... vocês são todos loucos! No mínimo cegos. Ou só eu e o alienista (ave Machado) estamos errados?

Sorte que para relacionamentos amorosos (e para coisas de ciências sociais em geral) não se pode prender as pessoas em pequenos grupos e fornecer os estímulos, experimentar. Já existe muita crueldade no mundo...

Com toda essa enrolação eu só quis mostrar que por mais asséptico que se tente ser, utilizando os mais diversos métodos e inclusive no coerente e estruturado método científico, não existe teoria sem uma ideologia por trás. Aliás, o fato de eu terminar com um comentário desse tipo só corrobora minha afirmação – não existe teoria sem ideologia...

16 de mar. de 2007

Adeus

A essa que vai tão longe
Que se perde no horizonte
E leva consigo o meu coração
Pobre e errante...

Vá com ele mundo à fora
E leve também o meu medo
Idem o meu desejo
Pelo gosto do teu beijo.

Leve consigo o meu amor
Toda dor,todo pranto
Todas as marcas de meu encanto
Leve tudo o que for!

Leve a minha vida,
Minha vontade de amar.
Leve tudo o que quiser,
Tudo o que sobrar
Só para um dia,
Você realmente...
Ter de voltar!

24 de fev. de 2007

Derrota

No clima festivo de um ótimo carnaval (bom, o meu foi maneirinho!) vou dar uma de chato e colocar um tema para baixo. Aliás, esse blog anda precisando de uns posts mais animados!!!

Perder. Nessa quinta feira, acho que sofri a primeira derrota da minha vida. Acho. Eu tenho o mau (na verdade, bom!) hábito de esquecer tudo de ruim que me acontece...

Não falo de perder quando a gente sabe que a derrota é iminente, ou quando o resultado depende dos outros (olha a teoria dos jogos aí gente!). Não falo de quando temos plena consciência de que não demos o nosso melhor, ou de quando vencer seria sair no lucro (indiferente a derrota). Perder para mim tem um complemento implícito: perder para si mesmo, para as minhas próprias habilidades. Se não for assim, obvio que já aconteceu comigo um trilhão de vezes... não é sob esse ângulo que quero falar.

Ok... é uma coisa um tanto boba, que acontece com todo mundo várias vezes! Talvez para aqueles que já tiveram essa experiência, não seja algo tão intenso. Digo que foi intenso porque também não acho que significa derrota uma situação que não seja do nosso interesse, do nossa vontade mais sincera. Quero deixar isso bem claro pois quero minorar o risco de parecer prepotente.

Não estou habituado a derrota. Aliás, acho que esse seria um hábito terrível... bem pior do que a primeira vez (que segundo o cinema é inesquecível). Uma rotina de reveses (sob todas as condições que coloquei ali em cima) seria no mínimo torturante.

A essa altura do campeonato, meus quatro leitores (sim, você é um deles, obrigado!!!) devem estar se perguntando: mas no que foi que ele perdeu? Antes, três comentários:
1 - Acho os fatos desinteressantes, dou muito mais valor às conclusões e linhas de raciocínio que eles podem nos levar;
2 - Dessa vez, acho que não cheguei a nenhuma conclusão realmente interessante, me perdoem;
3 - Mas ao menos serviu para prender a atenção de vocês até aqui!

(É agora) Eu fui reprovado na prova prática do exame de motorista.
Ela é altamente criticável, uma máquina de ganhar dinheiro para o estado, não afere a perícia ao volante de ninguém etc etc etc. Mas, como meu instrutor diz: a maioria dos que vem para cá tem condição de passar. A maior exigência do DETRAN é que as pessoas controlem seus sistemas nervosos por 10 minutos (além de preservar a especie dos conis abelhudus e não deixar a seta desarmar nunca).
Uma coisa engraçada é esse nosso corpo humano. Essa nossa racionalidade burra. Eu tinha consciência de que podia passar (mesmo não sendo um exímio motorista), mas eu mesmo não me permiti fazer aquilo que eu sabia. Há alguma explicação para isso?
Eu arrisco a minha: discordo dessa visão evolutiva degradante de que somos racionais! O topo da cadeira evolutiva!... Homo sapiens? Sapiens uma vírgula!

Ai ai derrota, ai ai derrota, prepotência é que é um problema... (como vocês mesmos puderam testemunhar!).

7 de fev. de 2007

Entrevista

Muitas idéias rondam a minha cabeça nesse momento. Eu ainda não consegui juntá-las para organizar um todo coerente... por isso o silêncio de palavras escritas. Ainda mais envergonhado diante do talento dos meus companheiros!

Uma das coisas que mais gosto é pensamentos diferentes, em dimensões diferentes na verdade. Que tal sair do interior da alma humana direto para a triste realidade carioca/brasileira?


É incrível como os textos com temas sociais não perecem no Brasil. Este nem é tão velho, mas de fins de 2005. Ele é com certeza menos maduro em termos de linguagem que todos os já postados aqui, mas meu gosto por ele está exatamente aí: na inocência, arma poderosíssima! Visitem sempre!!!


Entrevista

E: No país do verde e amarelo, você ainda se mantém na vanguarda, vestindo-se de preto. Porque?Gosta de rock?Vive em constante luto?

H: Não, não. Na verdade, não é bem uma escolha premeditada, nem modismo. Isso tem mais a ver com minha história, que se confunde com a história do Brasil. Hoje, até gosto de usar outras cores, até o branco, mas acredito ser o preto a cor de minha essência, de identidade nacional. E, cá entre nós, o pretinho básico nunca sai de moda!

E: O que você tem escutado recentemente?

H: Meu gosto musical é bem variado, estou aberto às varias tendências! Como hoje, por acaso, moro no Rio de Janeiro, tenho ouvido muito choro, principalmente de criança... mas também tiroteio, buzinas de carro, às vezes uma granada que os camaradas explodem. O Rio é uma grande mistura cara, é muito louco! Um verdadeiro caldeirão de tendências, não tem como ficar preso a uma só. Mas o meu preferido, que sempre me acompanhou, e aos meus antepassados, é até hoje um desafio à ciência: um ronco... uma batida única que vem das profundezas da minha barriga...

E: Numa cidade como o Rio de Janeiro, encontrar um bom lugar para viver é tarefa das mais complexas. Qual seu tipo de ambiente preferido?

H: Prefiro ambientes bem ventilados, ao ar livre, de preferência com vista para o mar. É uma coisa incrível, porque é um gosto que se encaixa perfeitamente com as recomendações médicas. Tenho problemas respiratórios, sabe? Asma, bronquite, sinusite, rinite alérgica... não posso passar dois segundos em lugares fechados, com muitos livros, poeira que já vem logo uns caras de colarinho branco me expulsando. O que seria de mim sem eles. Gosto muito de ler, mas graças a Deus os tenho para me impedir de praticar esse vício horrível.

E: Você tem um físico de invejar qualquer modelo da SPFW (São Paulo Fashion Week)! Qual o segredo para manter o porte?

H: Corro muito! Os policias daqui da região me ajudam muito a manter a forma, me dão um excelente treinamento! Agradeço todos os dias pela grande ajuda que me prestam...

E: Só isso?Você come de tudo?

H: Como tudo que aparece na minha frente!(risos)(pausa) Mas não sou de comer muito sabe... é... melhor para minha saúde! Veja só os norte-americanos com todos aqueles problemas de obesidade. O bom é que qualquer roupa cai bem em mim... Além do que,

(Por motivos de força menor, o nosso entrevistado não pode mais continuar... virou estatística, junto com milhares de brasileiros que morrem de e na miséria, sem nunca perder o bom humor... que Deus o tenha, alimente seu corpo e sua alma).

19 de jan. de 2007

Num dia como outro, após umas conversas de madrugada e escutando Yeahyeahyeahs, esse texto libertou-se de mim.
Ele é cru, muito da alma.
Angelina Sabatti é uma personagem minha, acho que um outro eu meu, um dos outros que já nomes têm, como Limão Lilás.
Bom, esse texto é um trecho de um livro que vou escrever.
Que vocês ao lerem ,sintam as sensações e depois entendam ele.

Um beijo, companheiros e senhoritas companheiras.
Carpe Vita...


{"Não quero meu coração bailando de mão em mão"- Angelina Sabatti}


***********************************************************************************"

"eu não sou igual a você.
e isso te assusta
te faz tremer
te faz amar
te faz queimara


glória do minuto


a estrela me fez pensar num sonho bom com você
você era lilás e eu, verde
tudo que nós tocávamos virava algo que me lembrava a cor uva
minhas covinhas te faziam rir


meu querido menino,
você sabia que eu quebrei a cerca da sua casa e invadi sua vida?
mas chegou a hora de você decidir


te ligo, e atendem: engano


oh!
como tudo mudou
minhas covinhas são tão debochadas e más
muito más
te lembram um nome
te lembram ela
te lembram
e te fazem chorar
te fazem queimar
te fazem ter ódio
te fazem morrer


meu limoeiro secou


e eu tive que ir
em busca de ser
você não me entendeu
se eu continuar vou te destruir por inteiro
e você terá tanto ódio de mim que virará lobo e nunca mais voltará


água na folha de papel manchou o desenho


eu chorei
chorei
e rios se formaram
músicas foram escritas e esse texto surgiu


incerteza


eu sou um ser gentil
e não aprendi a gritar e rasgar.
não posso te tocar
não posso te abraçar
mas te amei
como o Sol adora a Lua
e seu amor me deu coragem
deu-me coragem para te deixar


meu vício
meu início
meu livro
meu doce fim de tarde
meu

mas nunca eu."

Trecho do livro 'Angústias de uma árvore', de Angelina Sabatti