Vem chegando o final de mais um ano. E o festejo costumeiro. Todos saem às ruas a caça de presentes. O clima leve de euforia se mistura com a guerra pelos melhores objetos, pelas melhores “promoções”. É natal! E um novo ano se aproxima.
Você deve estar pensando: “ih... esse cara chato vai puxar agora para aquele papo do verdadeiro sentido do natal, falar do nascimento de Jesus e tal”.
Errou!
Mas se pensou isso é talvez porque não me conheça. Não sou exatamente religioso nem nada. “E sobre o que você vai escrever então, meu rapaz?” Não sei... estou pensando ainda!
As festas de ano novo me trazem uma sensação engraçada. A passagem dos anos, aliás! Uma coisa de certa maneira cíclica, que chega quase num “eterno retorno” inventado. Uma regularidade que criamos para as nossas próprias vidas. Mas um retorno ligeiramente alterado. São 14, se não me engano, as possibilidades de calendário*. Isso significa que apesar de todos os anos serem iguais em sua estrutura, muda a combinação de dia-do-mês com o dia-da-semana, de maneira que só vivemos cerca de 6 vezes em cada calendário ao longo da vida**. Isso nos dá a possibilidade de fazer aquela pesquisa: o que de importante na história aconteceu nesse dia-mês, quase que eternizando o que é, por definição, efêmero. Congelar o efêmero! Congelar o tempo! É isso que fazemos o tempo todo. Somos fotógrafos de momentos, de sentimentos. O envelhecer nos torna saudosos. E o sonho? Ah, o sonho é a saudade do futuro, do que ainda não chegou.
Os que vivem o momento, os que sonham e os saudosos são todos humanos. São diferentes reações a um mesmo sentimento. A noção de tempo é talvez o sentimento que define nossa humanidade – e nos separa dos Homo sapiens não-humanos que abundam por aí. Tá, é uma distinção fraca e cheia de problemas que acabei de pensar. Talvez ela não se dirija exatamente ao alvo, mas ao menos traz a tona um elemento interessante. Deixa quieto!
Há um ciclo e uma tendência. Mas o rumo da tendência não é independente do ciclo. O momento de crise espiritual (no bom sentido, de revisão de conceitos e "paradigmas") em que estamos (o fim de cada ano) nos permite ajustar a direção da tendência, do rumo da vida que queremos trilhar.
“Ok. Muito interessante! Mas... aonde você quer chegar?”
A lugar algum, meus caros. E esse é exatamente o grande mistério do tempo!
*Posso ter errado na conta, mas pensei assim: o ano pode começar com qualquer dia da semana (são sete) e pode ser bissexto ou não (duas possibilidades). Então, 7x2 = 14.
**O que dá uma expectativa de vida de 84 anos.