26 de dez. de 2008

Quando?

Mudar este mundo
ou a ti mesmo?
Se não tu,
então quem?
Se não agora,
então quando?

8 de dez. de 2008

Idolo

Chegou ao fim mais uma edição do Campeonato Brasileiro. E a última rodada se aproximava enchendo todas as torcidas de expectativa. Não vou comentar o hexa do time do Morumbi, tampouco o triste naufrágio da caravela cruzmaltina. Pouco se falou, mas houve uma forte movimentação e muita comoção em torno de outro acontecimento.

Três dias antes, caminhando pelo charmoso e tradicional bairro de Laranjeiras, pude avistar dezenas, talvez centenas de camisas tricolores. Conforme eu me aproximava da sede do clube, os tricolores iam se multiplicando. Para os "idiotas da objetividade" do gênio Nelson Rodrigues, tal mobilização seria descabida já que áquela altura o Fluminense não tinha grandes aspirações no certame. Mas havia algo muito mais nobre e singelo por trás do turbilhão que mexeu com Laranjeiras e adjacências. Ali se via uma demonstraçãosincera de amore já uma ponta de saudade pela iminente despedida de um ídolo do porte que o clube não tinha a anos. Eram várias crianças invadindo os treinos pedindo autógrafos, e o ídolo, monstro, esbanjando simpatia ao assinar inúmeras camisas e papéis e posar para tantas outras fotos. Ficava horas atendendo todos. E assim foi até sábado, dia do último treino do ano, o qual mais uma vez acompanhei ao vivo. Assim que se encerrou o ritual, ele entrou no carro e partiu. Foi quando notei na boutique do clube uma grande fila, pois todos queriam comprar munhequeiras semelhantes à usada pelo melhor zagueiro do Brasil. Saindo da sede, vi uma fila ainda maior, que dobrava a esquina e causava impacto em quem passasse, tudo para comprar um ingresso e garantir presença no adeus do ídolo, o que fez o Maracanã receber o maior público da rodada em um jogo aparentemente sem valor.

No fim, o que agitou os mais de 51000 tricolores não foi o fracasso consolidado de seus dois rivais centenários, muito menos uma possível irritação pela partida fraca do Fluminense. Com lágrimas nos olhos, Thiago Silva deu a volta no gramado agradecendo à massa pelas emoções proporcionadas no tempo em que ostentava o manto verde, branco e grená. E a plenos pulmões, todos cantavam esperançosos: "Ah, Thiago vai voltar!". Eu como tricolor fiel e fã incondicional digo apenas muito obrigado e desejo felicidades ao meu ídolo. Fica aqui minha homenagem.


"Guerreiro da zaga tricolor
Raça, habilidade e vigor
Thiago Silva é rei
Jamais me esquecerei
Do mito que a torcida consagrou"

16 de nov. de 2008

Recorte e Cole

Recorte e cole

Vivo no infinito
O momento não importa
Que eu permita abrir a porta
Para me deixar entrar.

A vida se reparte em crimes
- Quantos ainda não cometi?
Perdido nesse jogo de luzes
Ah, como eu queria estar...

Os erros se repetem
Não me amole:
Recorte e cole

Leio, eu penso, me falam, repito
O mundo é e sempre foi o mesmo
Será que ele não evolui?
E será que isso me inclui?

Penso, logo existo e
Logo desisto de tentar entender
O motivo de tamanha estupidez:
- Tenho mesmo que matar para não morrer?

Os versos se repetem
Não me incomodo
Apenas recorto e colo

Eu estava à toa na vida
Quando o meu amor me chamou
Pra dizer que não há saída
E depois de chorar se calou

Eu disse a ela “recorte e cole,
Tudo vai ficar bem:
se os erros se repetem quem
acerta deve ser imitado também"

Os versos se repetem
Não me amole:
Recorte e cole!

Os erros se repetem
Não me incomodo
Apenas recorto e colo

A grande dança não perde o bumbo
O show da vida segue seu rumo
A roda viva nos carrega a todos
E alguns espertos se passam por tolos.



Vitor Paiva Pimentel – “Poesia!?” – 10/2005


Comentários pessoais:
Não sei porque nunca postei esse poema. Ele é um dos que mais me orgulho em ter escrito. Hoje ele me dá um certo tom de nostalgia, além de me fazer perceber o quanto eu não mudei. Foi uma tentativa de fazer um poema dadaísta, conforme prescreve Tristan Tzara. Recomendo a leitura:

http://antologiadoesquecimento.blogspot.com/2005/06/para-fazer-um-poema-dadasta.html

Ganha um chocolate (é sério, pode cobrar) quem acertar todas as citações! (dica: a maioria são citações relativamente pop. Apenas uma eu considero dificíl. E há uma em que eu cito a mim mesmo, então não conta)

3 de nov. de 2008

Demorei a escrever este texto porque fiquei indeciso em relação ao tema. Pensei por semanas, mudei de idéia tantas vezes, mas finalmente chegou a minha mais nova postagem. Foram idéias das mais variadas, mas finalmente tomei uma decisão. Quanto ao sucesso dessa brincadeira, estou longe de ter alguma certeza.

Em 1992, tive meu primeiro contato com o futebol, na final do Campeonato Brasileiro, entre Flamengo e Botafogo. Não gostei do primeiro por causa de sua torcida e do segundo por intuição infantil. O título rubro-negro me fez associar o clube de General Severiano a algo depressivo. Foi uma sensação tão forte que não foi desfeita até hoje. Resumo da ópera: acabou o campeonato e eu não era flamenguista nem botafoguense. Um certo tempo depois descobri o time do vovô. Aquela camisa com um cinto de segurança até que não me despertou antipatia. Vi o time ganhar alguns campeonatos, mas não me envolvi afetivamente. O Vasco não me cativou e ponto final. Até que em 1994 eu reencontrei o Botafogo. Tinha até uma leve simpatia, assisti a uma partida e então firmou de vez a ligação do alvinegro com a tristeza. Foi uma derrota humilhante. Me deu pena ver a Estrela Solitária apanhar daquele jeito. Tive um sentimento bem estranho. Misturava piedade por um clube cujo fracasso era recorrente, e encanto por um outro que eu não conhecia e me impressionou de cara. O manto tricolor tinha algo a mais, muito além dos 7 gols sobre o rival abatido. Depois desses dois anos eu me decidi: "Pai, eu sou Fluminense!". Enfim, a dúvida morreu, dando lugar a uma história de amor da qual não me arrependo nem um pouco.

Morreu nada. A maldita da dúvida só se transformou. Ainda falando em amor, na vida de um adolescente, às vezes aparece aquela menina simplezinha, meio acanhada, que vive dando sinais discretos, e que com o tempo começa a despertar algum interesse. Nasce a atração, mas que não é logo acompanhada de uma ação. Se o moleque é tímido, pensa dez vezes antes de agir, com medo do fracasso. Por sua vez, se for mais atirado e confiante, fica no dilema: chega na menininha boazinha ou chega na boazuda, aquela gostosa que o colégio inteiro sonha em dar uns pegas? O primeiro caso normalmente acaba mal sucedido: o menino fica com vergonha e perde a oportunidade, ou fica nervoso, chega frouxo e falha. O segundo também tende à frustração: provavelmente o garanhão chega junto da gostosona, que marrenta, dá um toco sem dó. Fica também sem a menininha boazinha, que se encanta por um terceiro garoto, esperto e certeiro. A hesitação provocou uma demora. Fatal. Falo com conhecimento de causa pois já vivi algumas situações do tipo.

A dúvida não é exclusiva das crianças e adolescentes. Na fase adulta ela é igualmente cruel, pois o ser humano é indeciso por natureza. Quando parece que temos as soluções de todas as questões, novas questões aparecem. Não tem jeito mesmo. Na maturidade, tanto homem quanto mulher, ficam com a sensibilidade à flor da pele, em geral transbordando insatisfação. Enquanto é solteiro, quer casar. Quando casa, quer morrer. A mulher adora reclamar do marido. Vive dizendo que ele é devagar quase parando, que quase não comparece mais, mas eis que quando ele comparece...:"Ai amor, hoje eu tô com uma dor de cabeça... Vamos dormir né...". Acho que vocês estão de prova que não é na maturidade que se descobre o que cada um quer pra si mesmo.

Tem aqueles momentos mais comuns, como o de entrada no vagão do metrô, quando é preciso decidir em uma fração de segundo se é melhor sentar apoiado na janela, de costas pro movimento da composição, ou se é preferível ficar no corredor, sem apoio, mas de frente, no sentido do deslocamento. Experimente ficar escolhendo muito pra ver o que acontece. Pode ter certeza que aparecerão dois desesperados, e na base do tapa ocuparão os dois lugares, te deixando de pé, cansado. É tão comum quanto ficar na dúvida entre o sorvete de morango ou de chocolate. Quando vem a decisão..."Amigo, vou ficar te devendo essa, o de morango acabou de acabar."

Depois de toda a explanação, concluí que o texto foi inconclusivo. Somos seres dominados pela incerteza, pela indecisão, aflitos pela descoberta, que nunca vem. Principalmente desejamos saber sobre nossa origem. Vivemos em um mar de dúvidas, navegando em uma tensão dialética entre o dogmatismo religioso e o ceticismo científico. Faz parte. Longe de mim, em meio a tantos conflitos colocar a mão no fogo por alguma coisa. Eu não acho nada, quanto a vocês, aí mesmo é que eu não sei.

26 de out. de 2008

Teoria neo-clássica sobre o audiovisual

Teoria Neo-clássica sobre o audiovisual

Alguns textos afirmam que a razão da sétima arte ser tão inebriante é devido ao seu caráter onírico, ou seja, o filme como o espaço do sonho, uma espécie de escapismo em relação à realidade. Talvez, os filmes sejam realmente uma forma de fuga de um cotidiano repressor, em que impera a falta de liberdade, porém não estou muito certo se esse é realmente o motivo central da diegese* do espectador diante da tela. Em primeiro lugar, acredito que muito da relação diegética ocorre devido ao aperfeiçoamento da linguagem cinematográfica. Sim, isso é óbvio, sei, mas na maioria dos textos sobre audiovisual, isso é dito motivado pelo fato de que o desenvolvimento dessa linguagem conseguiu fazer com que o cinema tornasse ainda maior a impressão de realidade que já existia desde o “Teatro filmado”. O que na prática como conhecemos é o seguinte: com o aperfeiçoamento dos cortes e dos planos conseguimos editar ao máximo uma cena (ou várias), sem que haja a perda da sensação de realidade presente nela. Sinceramente, concordo com isso, porém, acredito que tudo o que foi mencionado anteriormente é incompleto. O caráter onírico dos filmes não explica a diegese que ocorre em documentários ou filmes dramáticos e a duplicação da realidade não esclarece o encantamento exercido por cineastas como Godard ou Woody Allen que fazem questão de nos lembrar momentaneamente que estamos em frente a um filme.

Para responder essas questões recorro a algo bem simples: acreditos que o cinema ainda funcione muito na base do “o que será que vai acontecer?”, não mais como no cinema das origens onde, é claro, tudo convergia para essa ação, tudo era em função do ato que ia acontecer e finalizar o filme, porém ainda creio que é essa curiosidade que nos prende à cadeira do cinema e nos impede de levantar no meio da exibição. Vejamos o caso de Annie Hall de Woody Allen, além da passagem em que Alvy Singer (protagonista) discute na fila do cinema e chama Mc Luhan para finalizar sua discussão, há uma outra parte em que o personagem principal está num flerte com uma personagem e o diálogo se torna extremamente culto, então embaixo aparecem legendas que na verdade não significam a tradução da conversa e sim o pensamento dos personagens. Momentos como esse servem para lembrar que estamos diante de um filme, mas não é pela quebra da diegese que o espectador deixa de assisti-lo, porque ainda há a pergunta: o que vai acontecer? Pelo contrário, isso é até incorporado ao filme e o torna mais interessante, se algo assim diferente ocorre, o leque de opções para a continuação do filme aumenta, tudo pode acontecer. Encontramos aí o grande diferencial do cinema de narrativa clássica para o cinema alternativo. No filme de narrativa clássica, quase tudo é previsível, mas mesmo assim continuamos assistindo porque há a incerteza (o que vai acontecer?), não acreditamos no óbvio enquanto ele não acontece. Os filmes fora dos padrões Hollywoodianos por sua vez podem até utilizar técnicas clássicas, mas o leque de opções do que pode acontecer na história aumenta.

Estranho o fato de se sabemos o que vai acontecer, porque tanta gente ainda prefere a narração clássica? Não tanto. Nos filmes de terror, ficamos o tempo todo com medo do que está no extracampo aparecer no campo, o campo é assim o nosso espaço de segurança, ao qual nós nos apegamos, pedimos ao personagem para não fazer “isso” ou “aquilo” para manter-nos seguro do que irá aparecer para nós, assim acreditamos ser o apego à narração clássica um certo medo do desconhecido, do diferente, tudo o que é novo assusta, prefere-se muito a segurança do que é previsível.

A linguagem cinematográfica também ajuda muito na manutenção da diegese, porém como dito não apenas pela impressão de realidade, mas pelo fato de ajudar a manter a curiosidade da audiência. Voltando ao filme “Annie Hall” existe um momento em que o personagem principal retorna ao passado, motivado por uma lembrança, à sua casa e ele assiste junto com seus amigos um almoço de sua família (não há nenhum motivo diegético que justifique ele e os amigos aparecerem na cena assistindo-a e comentando-a), tem-se um corte e logo depois ele é apresentado à família de sua namorada, conhece então o irmão dela que fantasia com o suicídio em um acidente de carro, há um corte e na cena seguinte vemos o protagonista com cara de assustado num carro dirigido pelo irmão de sua namorada. Essa seqüência que obviamente pretende causar humor é feita com vários cortes e desde o começo percebe-se que não há, por assim dizer, a vontade de fazer uma seqüência que imite a realidade como ela é, e mesmo assim prende o espectador. Logo, podemos dizer que o aperfeiçoamento da linguagem cinematográfica ajuda também na criação do efeito “o que será que vai acontecer?”. Assistimos a um produto audiovisual sempre motivados a saber o que ocorrerá na próxima cena.

Já coloquei minha opinião sobre as diferenças entre o padrão Hollywoody e o cinema alternativo, então enfatizo que ao melhor estilo “Escola de Frankfurt” acredito que a arte deve elevar o ser e isso não pode ocorre através de fórmulas e repetições do mesmo produto mascarado com pequenas diferenças, apoio a idéia de arte de vanguarda, acredito que é sua função fazer avançar o pensamento em qualquer área mesmo que seja apenas “arte pela arte”.

*Diegese = Efeito provocado pela maioria dos produtos audiovisuais que faz o expectador abstrair a sua condição de platéia de um produto ficcional. Ou seja, a impressão de realidade que os filmes, seriados, novelas etc causam no expectador.

13 de out. de 2008

Seis da manhã (Em flashes)

Já a noite vai devagar
Com o orvalho pelo chão
E as luzes da manhã a revelar
O que antes era escuridão.

Minha alma fica a velar
Por alguém que a abandonou
Ouvindo sussurros de amor
Que ninguém jamais escutou.

E é o coração que dispara
À hora que morre em dor
É a vida que já se vai, vazia
Antes plena de amor.

Divagacoes sobre a crise

Divagações sobre a atual crise¹

A história da humanidade ocidental é marcada pela criação de intermediários que nos separam da perfeição. Num breve apanhado: o estado dos filósofos do Platão, a Igreja de Deus da Idade Média, o Povo do Iluminismo, o Partido dos Comunistas e finalmente o Mercado, dos liberais.

De fato são as decisões das pessoas que definem o futuro, e todas estão intimamente interligadas. Vícios privados, prujuizos públicos². O mercado não existe. É jogo de soma zero. Se alguém perdeu, alguém ganhou comprando na baixa.

Notas:

1 - Este texto foi um comentário feito por mim a um texto do leitor do Globo Online Rodrigo Tostes, que pode ser lido no endereço: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2008/10/13/minha_crise_existencial_capitalista-585914463.asp

2 - Mandeville, um "teórico" do Liberalismo pré-Adam Smith, sintetiza seu pensamento em "vicios privados, benefícios públicos". Essa seria a essência do mercado como mecanismo de coordenação social, isto é, como construir ordem se cada indivíduo segue somente seus próprios interesses.

5 de out. de 2008

Fui votar armado

Fui votar armado

Por Gustavo Pimentel, em 24/10/2005

Acordei não tão cedo no Domingo, mas o suficiente para votar de manhã. Tomei café e fui dar uma última lida no jornal, já que aquele seria o derradeiro momento de confirmar minha opinião. A matéria de capa mostrava mais um caso trágico: em uma discussão de bar sobre o referendo em Juiz de Fora – MG, um partidário do NÃO deu 3 tiros em um defensor do SIM e fugiu. Decidi sair de casa armado para votar, para me defender de "cidadãos" mais exaltados.

Chegando no colégio público onde voto, uma surpresa agradável: não havia filas! Um segurança na porta queria saber se eu estava armado. Mostrei a arma e ele autorizou minha entrada. Encontrei rapidamente minha seção e antes que o mesário perguntasse alguma coisa, apontei minha arma em sua direção. Ele pegou meu título de eleitor, digitou o número e me autorizou a ir até a cabine para votar. Depois de 2 segundos eu estava de volta, assinei o livro e tive minha arma devolvida. O dever estava cumprido.

Ano que vem teremos mais uma oportunidade de usarmos nossa maior arma para a democracia: nosso título de eleitor. Oxalá tenhamos aprendido um pouco mais com essa oportunidade do referendo: a maioria nem sempre é inteligente, mas que se cumpra sua vontade!

[Homenagem a quem nunca abandona seu senso crítico, e que, feliz ou infelizmente, foi obrigado a justificar sua ausência no pleito de hoje - VPP]

27 de set. de 2008

Simples e singelo...Para Bruh

Da inspiração

Eu escrevo para não ser sozinho
Para ser livre feito passarinho
Que voa alto e cintila
Colorindo o céu da manhã

Eu escrevo pelo seu carinho
Por um pouquinho de atenção
Por uma poesia sem objetivos
Que ganha o mundo sem intenção

Eu escrevo porque o instante existe
E sem ele não sei viver não
Sem uma caneta, sem um lápis
Guiado pela minha mão.

Eu escrevo porque gosto de ti
E sei que gostas de mim também
Então escrevo apenas para ouvir:
Te compreendo melhor que ninguém!

7 de set. de 2008

Inteligência

Hoje é o dia que o pau-brasil se tornou brazil.

Como não sou patriota nem nacionalista (a pátria que me pariu não permite esse tipo de orgulho), o texto a seguir nada tem a ver com o 7 de setembro. Na verdade talvez tenha. Lembrar que a educação nesse país não é tão ruim para alguns sortudos.

Aproveito para cumprimentar os amigos militares que hoje rivalizam com a Gisele pelas ruas do Centro do Rio.


Inteligência

(ou de como um cdf mata uma lacraia)

Baseado em fatos reais

Era quase meia noite. O dia, deveras cansativo, fora típico da vida de um workaholic. Aquele copo de leite com ovomaltine era sua última refeição antes de dormir. Ele estava jogando um pouquinho de água no copo para não grudar o chocolate e facilitar a posterior limpeza. Seu maior desejo naquele momento era desabar.
Uma lacraia subia pelo ralo da pia.

Não. Não houve susto. Apenas a resignação de encontrar mais um obstáculo ao sono redentor. Descobriu posteriormente na Wikipédia que a lacraia tem hábitos noturnos. Malditos sonâmbulos! Abriu a torneira, para que ela não subisse pia e atingisse a louça. Notou triste como aquele bicho nadava bem (tinha voltado para as aulas de natação aquela semana, e estava com algumas dificuldades).

Deixou a água vazar para, enfim, enfrentar o animal. A lacraia tinha uma vantagem, seu rabo é arma potente, enquanto o corpo do Homo sapiens sapiens é nu. Pegou uma faca de cortar pão frances do escorredor de louça, e partiu para o embate! Parecia uma luta de esgrima, digna das Olímpíadas de Pequim (se perguntou o porquê de não ter sido escolhido para a equipe brasileira).

Depois de alguns golpes a esmo e de desviar por muito pouco de uma habilidosa estocada da lacraia contra sua mão, finalmente conseguiu o golpe certeiro, bem no pescoço dela, que se contorceu toda e tentou vários golpes, mas apenas atingia a faca de cortar pão francês. Mas continuou viva. Como portava uma faca de cortar pão francês, nosso herói resolveu fazer o movimento do serrote. Mas o pescoço da lacraia continuava a resistir bravamente.

"Mas é claro", pensou. "Ela tem um exoesqueleto, como todos os artropodes". Ou qualquer coisa que o valha. Nunca estudara biologia com tanto afinco. Tinha apenas vagas lampejos. Aquilo era mais forte do que muitas armaduras medievais.
Bem, a arma branca se mostrara inútil. Que fazer? Parou para pensar. Primeiro riu de si mesmo por ainda lembrar-se das aulas de biologia do ensino médio, há tanto tempo. Bem, se elas ajudaram a lhe explicar porque não é possível matar a lacraia com uma faca de cortar pão frances, ele pensou poder usar esses conhecimentos para achar alguma forma mais eficiente para cometer o assassinato (e nada de considerações ecológicas!).

Fiat Lux!

Os insetos são animais pecilotérmicos, não resistem ao fogo. Pegou a caixa de fósforos. Tirou dela um palito. Analisou-o. Muito curto. A lacraia certamente golpearia sua mão antes que pudesse atingi-la com o fogo. Precisava de uma tocha, ou algo parecido, que lhe desse a distância necessária.

Olhou em volta e viu o folheto de propaganda do supermercado da vizinhança. Enrolou-o. Lembrando-se da física, ateou fogo bem na ponta do papel, pois sabia que caso contrário o fogo não pega e partiu para o ataque. Ela se contorceu a vez derradeira. Estava morta, em frangalhos.

Vitória, afinal!

27 de ago. de 2008

Da Imaginação

A tristeza é reação normal
Face ao absurdo que é a vida
Mas como posso eu ser triste?
Se conheço as pequenas coisas
E nelas residem uma alegria
Que não pertence a esse mundo
Nem a essa vida...
Quando estou triste
Sempre vem o pôr do sol
Me maravilhar e me fazer crer
Em algo que eu não sei se existe
Mas não seria a imaginação de uma coisa o suficiente
Para torná-la real?
Veja bem, não sei se Deus existe,
Mas se posso imaginá-lo,
Isso não o torna metafisicamente real?
Não teria essa imaginação poder e influência?
As coisas que imagino são suficientemente real
E a realidade é suficiente imaginária
Para me impedir de dizer que algo não existe.
E por vezes chego a crer
Que o que não existe tem mais luz e consistência
Do que as coisas reais.


Íris Kirsten / Ângelo Cruz

16 de ago. de 2008

Era uma sexta-feira à noite, e mais uma vez a semana se encerrava da mesma forma. Parei na Presidente Vargas, olhei pro céu estrelado e com uma lua linda, que me fez lamentar pelo dia de sol perdido dentro de uma sala de aula explicando a tal da análise combinatória que tanto nos frustra. Frustra porque os alunos em geral não correspondem. Por outro lado, fiquei feliz ao lembrar que dentro de algumas horas nasceria um belo sábado com sinais de que daria praia. Parei na Central pra comer um salgadinho massudo com um aguado refresco de caju. Já eram 21:31, então tive que me apressar pra não perder o trem que sairia 4 minutos mais tarde, sob a pena de ter que esperar mais meia hora. Fui a passos largos como de costume, em direção à plataforma 6 linha F. Já não tinha mais lugar vago pra sentar então fiquei de pé, me segurando em uma das várias chupetas livres do vagão. O maquinista então resolveu dar o ar da graça. Abriu o som e disse:" Prezado cliente, este trem se destina ao terminal Santa Cruz. Horário pevisto de partida: 21 horas e 35 minutos. Tempo previsto de viagem: 1 hora e 40 minutos." Quando ele terminou de falar eu lembrei que o trem era parador...Puta merda! Pra completar meu desânimo o maquinista reabriu o sistema de som e disse:" A Supervia deseja a todos um bom descanso." Ah pára mané! Como dizia vovó, é o fim da picada! O safado em vez de desejar boa noite, fez questão de lembrar que eu tava cansado! Já eram 21:35, hora de partir, quando veio o sinal sonoro :"Tuuuuuuuuuuu...". Esse é o som emitido pelo trem quando as portas vão fechar. Como sempre tem um idiota que segura a porta, esse barulho torturante se repete por volta de umas 3 vezes. Naquele dia, o idiota nem me irritou, mas mostrou uma ponta de altruísmo. Travou a porta pra permitir a entrada de um humilde catador de latas. Só que para tensão de todos os presentes, não teve força suficiente pra agüentar a porta pesada, que fechou por cima da grande sacola de latas. O pobre homem ficou dentro do trem, com a maior parte do saco presa na porta. No desespero, tentou puxar as latas pra dentro. Foi então que eu escutei um barulho metálico, que anunciava todo o seu dia de trabalho jogado nos trilhos. Ele externou sua tristeza mostrando a nós um sorriso desfalcado. Tão desfalcado que se aquelas peças entrassem em campo seria derrota por "wo". Só consegui avistar o centroavante, o ponta esquerda(esse era negão como Pelé e quase todos os craques) e o lateral direito lá atrás. Impotente, fui aos poucos me desligando da situação. Depois comprei uma Coca-Cola, dando a lata amassada ao pobre coitado, desolado no chão do trem. Foi quando notei uma rodinha de conversa, que tinha como papo minha religião, o futebol. Eles falavam do "Fra-Fru" que aconteceria no domingo seguinte. Decidi me meter na roda e dar meus pitacos, sabendo que seria minoria. Era Bruno pra lá, Obina pra cá, até que um herege desgraçado afirmou de cara limpa que o bom, mas humano zagueiro Fábio Luciano era mais zagueiro que Thiago Deus Silva!! Fui insultado por tamanha heresia. Na mesma hora resolvi me auto-excomungar daquela conversa. Caminhei em direção ao outro vagão rezando a João de Deus, clamando pelo perdão daquele infeliz. No outro vagão o clima era contrastante. Foi um impacto gostoso. A primeira coisa que escutei foi: "-Chegou em casa outra vez doidão, brigou com a preta sem razãão! Quis comer arroz doce com quiabo, botou sal na batida de limão...". Pois bem, eu tava no meio de um pagode animado, com direito a pandeiro e ganzá. Fiquei tão entretido que acabei esquecendo o desaforo rubro-negro. Saudei um vendedor de bananada vestido com a camisa do Fluminense Campeão Carioca de 2005, e no momento em que olhei pela janela vi a quadra da Mocidade. Já era pra ir embora. O pagode tava tão bom que eu nem senti o desgaste das 23 estações. Desci feliz e reflexivo ao mesmo tempo. Fiquei pensando na vida do subúrbio e só concluí uma coisa. Ela é bem diferente da bananada. Nem sempre é macia e açucarada, e certamente, pelo menos como experiência, vale muito mais que 10 centavos.

2 de ago. de 2008

Vida (Encontros e desencontros)

Não amanheci bem. Não entendo porque me sinto tão perdida de mim mesma e os textos que escrevi, ontem, parecem refletir idéias de uma outra pessoa que não eu. Aprendo então que a essência é coisa que muda. É bicho solto afeiçoado à liberdade. Contudo, teria ela também suas paixões, seus vícios? Sinto falta da pessoa que eu era e agora penso incessantemente em recuperá-la. Talvez com o pleno desenvolvimento de minha personalidade eu reencontre quem eu fui, ou talvez venha a ser um novo ser, feito lagarta que finda mais uma fase de sua vida transforma-se em borboleta. É isso! Talvez seja eu uma borboleta, bela, leve e efêmera com a sobre-humana capacidade de morrer a cada dia que passa. Mas o que faço eu dessa ventura? Ser uma só é monótono, mas ser várias é um desafio que não sei se estou pronta para aceitar. Porém, o que posso além de aceitar esse silêncio pungente que grita nas minhas entranhas: vida, vida, vida!



26 de jul. de 2008

Estréia

Nessa minha primeira apresentação, acho interessante trazer algo bem no meu estilo, que faça jus à minha definição de contador de histórias. E aí vai. Espero que seja do agrado de vocês.

Um dia desses estava eu entediado na sala de espera do consultório médico aguardando minha vez de fazer o famoso "check-up". Não tinha nada pra ler a não ser uma "Caras" com Luciana Gimenez na capa. Ou seja, de fato não tinha nada pra ler. Assistir Ana Maria Braga e Louro José definitivamente não me atraía. A posição era desconfortável pro cochilo, então só me restava prestar atenção ao papo de duas mulheres que também esperavam sua vez. Peguei o bonde andando mas aos poucos fui notando que elas falavam sobre remédios de emagrecer e produtos tipo "diet shake", mas eram mulheres razoavelmente em boa forma, pelo menos no meu gosto. O papo era enfadonho, entretanto fiquei com aquilo na cabeça, até que surgiu uma voz masculina, grossa, quebrando o marasmo dos meus pensamentos. Eu tinha sido chamado para a atualização da ficha. Segui a tal voz e me deparei com uma figura caricata(quase ri). Era magrelo e a cara dele vista de perfil parecia uma lua nova, de tão avantajado que era o queixo. Ali minha auto-estima subiu consideravelmente. Subi na balança e assim que ela se estabilizou, pude visualizar o número 60,5. O que aquele número tinha a me dizer, além da reação normal da balança sobre mim? Lembrei daquela conversa chata entre as duas mulheres, somando à minha sensação de bem-estar ao ver um cara que através de sua feiúra elevou minha auto-estima. É esquisito, mas depois da revolução sexual dos anos 60, nossa sociedade ocidental tornou-se cada vez mais competitiva em termos de beleza, alavancando a indústria dos cosméticos e difundindo a “ideologia” das academias de ginástica, ou então a indústria dos músculos e suplementos. E o perigo consiste justamente aí, pois nós homens muitas vezes acabamos tendo obsessão pela massa muscular, podendo acarretar no uso indevido de certas substâncias nocivas, cujos prejuízos podem ser irreversíveis. Quanto às mulheres minha preocupação é ainda maior, já que de um modo geral elas são mais vaidosas que nós, o que provoca um grande sofrimento, que por sua vez as torna escravas da balança. Balança? Olha ela aí outra vez! Afinal, o que aquele 60,5 queria dizer, além da força normal que a balança exercia sobre mim? Acho que nada! Eu, uns 3 sacos de cimento, ou uns 7 cachorros vira-lata não produziríamos um efeito muito diferente na tal da balança. Então pra que dar tanta importância ao número que lá aparece? Será que faz sentido? Eu acho uma tremenda neurose! O que realmente importa é o que a nossa capacidade de avaliação e discernimento diz, e não a indicação de um aparelho. Podemos ter características físicas distintas, como os números medidos pela balança, e nem por isso sermos menos atraentes. Repito, isso quem vai julgar não é um medidor de massa, mas sim nós, seres humanos. E cá entre nós, eu faço isso direitinho. Então, meninas, se quiserem ter a experiência e precisarem de algum apoio afetivo, posso deixar meu endereço, telefone de contato, msn, orkut, afinal, estamos aí.

19 de jul. de 2008

Por alguns instantes eu acreditei

Por alguns instantes, acreditei...

(Aproveitando a deixa do Flávio sobre midia)

É engraçado como até nós, universitários, a nata da intelectualidade brasileira, às vezes nos deixamos influenciar por notícias sem fundamento.

Saiu no Globo Online hoje que a Derci Gonçalves morreu. Por um instante eu acreditei. Se saiu no Globo Online deve ser verdade né? Veja bem, falta lógica aos nossos meios de comunicação. Ela é imortal. Logo, não pode morrer. Como podem então ser noticiada a sua morte? Para mim esta é A prova cabal da manipulação que sofremos!

Há, é claro, uma mensagem subliminar por detrás desse engodo. Ela (a mídia) quer obviamente nos convencer de seu poder, afirmando: não importa se é para sempre, se é imortal, tudo é efêmero. Se o Globo Online disse que morreu, já era mermão. Não tem jeito. Morreu mesmo!
Se não for mais notícia, acabou a existência.

Na verdade isso é só um plano para derrubar o Hugo Chavez. Ele quer se perpetuar no poder, tornar-se o governante imortal. Mas quando a Globo mata a Derci, quer obviamente nos dizer que nada é para sempre sem o seu aval. Hugo não poderá permanecer no poder se continuar cerceando a "liberdade de imprensa". Também pode ser um golpe preventivo contra as pretenções do Lula de obter um terceiro mandato. Ou tudo ao mesmo tempo. Isso! Meu deus, eles são geniais mesmo! Ao menos isso, tiro o Chapéu. Acho que encontrei a falha nesse plano margistral!

Derci Gonçalves morreu? É por essas e outras que acredito: somos gado. Ou melhor, somos o irmão caçula. Tomamos como lei tudo o que nosso Grande Irmão diz!

10 de jul. de 2008

Eu me exercitando numa arte diferente...

Liberdade de expressão, termo recorrente na mídia atual. Falta, porém, veracidade e integridade à grande mídia (ou mídia dominante) ao usar esse termo, pois para ela liberdade significa difundir apenas um discurso, o do capital. Assim, tal termo transita entre o real e o utópico, real porque não há regras, leis claras que proíbam as pessoas de falarem o que pensam e assim, gozamos de uma relativa liberdade, utópico porque há uma lei subjacente que dificulta a expressão daqueles que pensam diferente da mídia dominante, a lei do capital - quem tem dinheiro encontra muito mais facilidade de difundir os seus pensamentos, sua visão de mundo do que quem não tem - isso obviamente porque vivemos num sistema capitalista. Portanto, concluímos que em nossa sociedade o substrato que garante a liberdade de expressão é o dinheiro, e as mídias, que não têm visões semelhantes do mundo, têm suas idéias escamoteadas para segundo plano. O que pode nos levar, por conseguinte a uma conclusão, a real liberdade de expressão significa uma luta contra o capital e o sistema que ele erigiu.

Outro mito que temos de destruir, é a imparcialidade. No mais puro sentido marxista, a imparcialidade é uma ideologia, ou seja, uma falsa consciência, como discutido no texto de Eduardo Coutinho “A ideologia da imparcialidade” pois “toda fala é a fala de um sujeito histórico e, de alguma forma, corresponde a seus interesses e anseios.”. Assim, podemos tirar o véu que nos cega e perceber que o que a grande mídia tenta com esse mito da imparcialidade é naturalizar visões do mundo, tornar verídica apenas uma das formas possíveis de representação da realidade.

Cabe aqui explicar por que é tão importante dominar a informação, e isso é compreensível por um motivo óbvio: “Quem tem o poder de dar nomes define como os demais vão pensar”(Coutinho, 2008). Logo, a luta pelo domínio das informações se revela em luta pelo poder de influência na maneira de pensar da sociedade. E o que somos além de tudo o que pensamos?

3 de jul. de 2008

Nos últimos 20 anos

Coisas que (acho) aprendi nos últimos 20 anos
(ou uma compilação de raciocínios idiotas)

9 – O mundo tem 6.000.000.000 pessoas. Você consegue imaginar esse número? Eu também não. Vejo o Maracanã lotado com 70.000 e acho incrível. Com tanta gente por aí, tem louco para tudo, absolutamente tudo, nesse mundo.

2 – O relógio acelera nos momentos não apropriados.

3 – Só dura aquilo que alguém se dedica a fazer durar.

14 – Se você quiser ser levado a sério, use notas de rodapé e cite fontes “respeitáveis” (ou as invente).

4 – Amor existe. Até nos que não acreditam nele. (CAMÕES, 1595)

5 – Generalizar é sempre um erro.

11 – Você é pronome indeterminado.

6 – Definições são mais importantes que teorias.

7 – O papel aceita qualquer coisa e qualquer teoria, tudo. Só os seres humanos podem aceitar ou rejeitar um papel.

8– O mundo é feito pelos que põem a mão na massa.

12 – Se você fizer tudo certo e uma coisa errada, (quase) ninguém prestará atenção nos teus acertos.

13 – Eu até tentei, mas não consegui chegar até o número 20 nessa listinha

16 – O que diferencia o Homo sapiens sapiens das outras espécies é a nossa arrogância.

10 – No Brasil, somos 180.000.000 idiotas¹.

15 – O planeta terra é dominado pelos artrópodes. (Bem entendido, as baratas, por exemplo, sobreviveriam a uma guerra nuclear entre USA e URSS, pois elas são imunes a radiação)

1 – A ordem dos fatores é essencial para determinar o produto.





¹Idiota, do grego idiótes, é o homem privado, em oposição ao homem de Estado, público; ou Idiota, do latim Idiota, aquele ignorante em algum ofício, homem sem educação, ignorante. (Britannica Online Encyclopedia, tradução livre)

24 de jun. de 2008

querido diário

Querido diário,
hoje sonhei com a björk, com casas que não tinham ruas, que eram rios que as dividiam e eu tinha um amigo que parecia um índio.


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Querido diário,
eu quero ser ferreira gullar e alberto caeiro, ter a mente deles.
desligar minha televisão, onde reviso minhas falas até tudo cozinhar e haver um grande crash.
mas só um pouco de alberto caeiro, só um pouco
porque ele é demais para mim.
de alguma forma pegarei as coisas simples que ele diz, transformarei em algo complexo e ficarei lá pensando, pensando enquanto as pessoas dançam, riem e conversam sobre como björk é linda.
eu estarei encostada na sacada, olhando as luzes a pensar

eu sou uma viciada
uma viciada que quer parar, mas não sabe como
onde desligo isso?
quando posso relaxar?
já posso relaxar?
tem certeza que não vão me machucar?


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Querido diário,
eu descobri que não confio em ninguém.
sou uma andarilha sempre pronta para a partida
quando eu era criança, gostava de me arrumar para qualquer situação.
sair com uma roupa que eu pudesse fazer tudo: correr, escalar, resistir ao frio, estar leve para o calor,estar pronta para fugir.

mas eu ficava sem jeito quando chegava aos lugares: as outras meninas estavam tão bonitas, delicadas, vestidos, meias, laços e eu de calça, sapatilhas, blusa branca e casaco na cintura
-porque você se veste igual a um menino?


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Querido diário,
hoje no colégio uma menina falou que eu me visto igual a um menino
será verdade?
eu chorei no banheiro
não tinha ninguém para eu conversar

voltei para casa e tentei não mostrar para a minha mãe o que tinha acontecido, mas, no dia seguinte, ela percebeu
-você vai de saia hoje?
-sim.
-por quê?
-porque eu quero.
-é isso mesmo que você quer?
-não.
-o que?
-não, não é isso que eu quero,mãe.
-então, sobe e coloca o que você quer.

minha mãe, além dela ser uma das mulheres mais bonitas que conheço, ela é bastante vaidosa.
ela e minha madrinha, tia mônica, são minhas divas
lembro-me de quando ficava observando os preparativos para as saídas delas
eu gostava de ficar sentada encima da cômoda, vendo-as se arrumar.
tinha uma magia naquilo tudo, ainda tem.
minha mãe e ela sempre quiseram que eu fosse assim.
salto alto, cabelos escovados, maquiagem, panos, acessórios.
eu tenho uma imagem na minha cabeça de como eu ficaria com tantos acessórios, mas isso é uma personagem e não eu.
minha mãe sempre deixa escapar:
-você podia se arrumar mais... não sabe como ficaria linda.
ou uma frase curta do tipo:
-você vai assim?
mas ela no fundo me respeita, ela tenta me entender.


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Querido diário,
hoje vi um passarinho sozinho, sentado num fio, contra o céu lindo, um céu no entardecer

um dia, quando encontrei com um ex-namorado meu, ele me disse que havia visto um clipe que era a minha cara
esqueci de qual banda era, nem o nome da música eu me recordo
bom, o clipe é uma menina, uma criança vestida de abelhinha que todo mundo ri dela
e no final do clipe ela acha um lugar onde está todo mundo vestido de abelhinha: pessoas de várias idades, fantasiadas, dançando e pulando
ele disse que me viu naquela abelhinha


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Querido diário,
eu não sei se sou mulher, e sei que não sou homem.
eu me encanto com o universo feminino, a beleza feminina é algo que me encanta, talvez porque eu queira ser a menina bonita que vejo entrar na sala.
o universo masculino me encanta também.
ele se diverte consigo mesmo

eu tenho uma teoria: homens se exibem para outros homens, enquanto as mulheres disputam com as outras mulheres a atenção dos homens.

eu quero sair, com minhas amigas, fazer merda, mas todas estão acompanhadas e querem levar seus acompanhantes.
sendo que seus acompanhantes curtem sair com seus amigos, sem elas.
hoje eu estou acompanhada também, mas quero sair sem ele para ter esse momento com elas.

O que eu sou, querido diário?
O que eu sou?

6 de jun. de 2008

Liberdade


Cada gota de mim é
De uma liberdade profunda e irracional
Liberdade que pulsa quente e gostosa como o sangue
Que aflora dos poros e me intercepta no instante
Em que me encontro sendo eu mesma
Uma liberdade boa, fluídica e insensata
Que escorre por entre os dedos fazendo-me crer
Capaz de uma transcendência
Para um lugar onde tudo não existe
E eu mesma seja fruto da minha própria imaginação


Íris Kirsten

25 de mai. de 2008

EU (em flashs)

Minhas crenças assim não definidas
Minha vida assim tão desmedida
Meus versos assim tão infinitos
Meu riso assim tão de menino

A vida assim meio louca
O coração que aflora a boca
A estupidez que não tem hora
E as pessoas que já foram embora.

E o que eu já não quero mais
E o que quero é um pouco de paz
E as idéias que surgem bruscas
Vindas da noite, das brisas noturnas.

E, por fim, o amor que me vem de leve
Beija-me o rosto
E diz:
Até breve.

18 de mai. de 2008

Capitalismo

Capitalismo II

Não concordo com a visão do capitalismo como um roubo do post anterior. Por isso, resolvi contar uma historinha.

Era uma vez um fazendeiro tinha em frente a sua casa um buraco elameado. Durante muito tempo, com pena dos viajantes que frequentemente atolavam neste buraco, usava seu gado para desatolá-los. De tanto praticar esta ajuda ao longo dos anos, o fazendeiro começou a achar justo cobrar uma pequena contribuição dos viajantes por seus serviços. Aos poucos, ele foi abandonando o cuidado da fazenda e se especializando em retirar os atolados do buraco. E assim sustentava sua família.

Eis que uma estação muito seca acabou com a lama do buraco. Isto foi um grande choque para receitas as receitas do fazendeiro. Depois de refletir um pouco sobre esta nova situação, ele bolou um plano: ao escurecer, ele buscava água nos riachos próximos e elameava o buraco novamente. Assim, ele mantinha o buraco em frente a sua casa em condições comerciais ativas para continuar gerando-lhe a renda com a qual sustentava sua família.

Referencia: CRUZ, M. F. "A essência do pensamento Econômico e Social de Thorstein Veblen: seu Ponto Arquimediano". Rio de Janeiro: IE-UFRJ, 2008. Mimeo.

8 de mai. de 2008

Pensamento do Globo, quer dizer do dia:
Quando Deus disse "não roubarás", não tinha previsto o capitalismo.

7 de mai. de 2008

As idéias

A erosão das idéias
A vida faz
Com sua beleza convulsiva;
É à tardinha
Que vamos esquecendo
O que o mundo nos tem a dizer
E as palavras vão brincando na nossa mente
Feito quem joga amarelinha
Ou cria castelinhos na areia da praia
Mas sempre vem a onda para derrubar os castelinhos
E sempre vem a realidade para interromper os pensamentos...

26 de abr. de 2008

Sobre a natureza humana I

Sobre a natureza humana I

Não há dúvidas a respeito da natureza corrompida dos seres humanos na nossa sociedade – basta se inteirar por um dia das notícias. Entretanto, a hipótese que se faz sobre a nossa própria natureza, se boa ou má, me parece ser o elemento distintivo entre toda interpretação da nossa sociedade, seja poética, pretensamente científica ou até religiosa.

Mesmo sob a pena ser excessivamente esquemático, pode-se resumir estas duas hipóteses na escolha entre Hobbes e Rousseau. Você com certeza se lembra desses dois autores. Ou ao menos decorou que Hobbes diz ser o homem o lobo do próprio homem, um ser mau e competitivo em estado de natureza. Rousseau, por outro lado, é categórico ao afirmar que “o homem é naturalmente bom, a sociedade o corrompe”.

Tendo a concordar com Rousseau. Nossa natureza é boa e cooperativa. Como esta é a visão largamente minoritária, cabe a mim o ônus argumentativo.

Basta pensar em como a seleção natural teria autorizado esse nosso corpo fraco, sem armas, o nosso nojo por sangue e por morte. Sim. Só os muito bem treinados (seja pela televisão, computadores, ou pelo treinamento militar, o que da no mesmo) conseguem se controlar, congelar próprio sangue para tirar a vida alheia. Temos nojo até de matar insetos, enquanto um cachorro ou um gato mata com a boca. No máximo você pisa na barata, mas jamais com a pele nua. Usa um chinelo, tênis, inseticida. Nosso corpo se recusa pela falta de instrumentos naturais e nosso cérebro também se recusa, fazer mal a vida nos faz sentir mal também, pela nossa capacidade de sentir o que os outros sentem (já ouviu falar dos neurônios espelho?).

Tivemos sucesso evolutivo exatamente pela nossa capacidade de empatia, de cooperação. Empatia inclusive com os que não são da nossa espécie. Não somos caçadores, nosso corpo e nossa mente não são preparados para o ataque. Os de nossa espécie que se tornam predadores pelas circunstâncias são exatamente os que depois precisarão de tratamento psiquiátrico, por ficar tanto tempo lutando contra a própria natureza. Pense no executivo de uma grande empresa.

Como se dá a passagem para a sociedade, criação eminentemente humana, nos corromper é uma boa pergunta. Há várias respostas, mas isto é assunto para um próximo texto.

E você? É Hobbes ou Rousseau?

P.S.: Já não agüento mais a pirotecnia sobre o caso da “menina Isabela”. Tudo bem, foi bem lamentável a terem defenestrado, e ainda jogado ela pela janela. Do que não gosto é desse clima de prejulgamento, pois não cabe a nós (opinião pública) esse mérito (nos cabe, sim, julgar os nossos políticos, ou você já esqueceu disso?). Mas a respeito do ser que cometeu tamanha barbaridade, Darwin diz que merece morrer.

12 de abr. de 2008

Flashs


A alienação constante...

A tevê desligada

A luta perdida

A voz da vida

O frio instante

A dor de cada despedida

A voz que não chega

A espera interminável

A vida parada

O meu eu

O teu eu

A voz distante

O que já se esqueceu

O instante que passou

O veneno prazeroso

O mundo errante

A voz já perdida

E a alienação constante...

17 de mar. de 2008

Insensível

Ela está chorando. Não, não está aos prantos. Apenas derrama lágrimas eventuais sob o ritmo da respiração ofegante.

Era uma catarse. Na televisão, passava o "Reporter Record", programa desses de jornalismo-denuncia. O tema era maus tratos a idosos. Já próxima dos seus 60 anos, se identificou com o drama que muito em breve poderia ser dela. A dimensão de tempo é muito interessante, mais uma vez. Por que eu não fiquei tocado com as fortes cenas? Minha primeira resposta foi: porque ainda estou muito distante temporalmente dessa realidade - sou ainda um jovem onipotente.

Há outros motivos. Não acredito na veracidade daquelas imagens. Não na veracidade objetiva, de que aquelas pessoas em especial sofram de maus tratos. Embora eu não seja tão inocente a ponto de achar que não exista maus tratos a idosos em muitos asilos, e também por enfermeiros particulares, acho as imagens da televisão bem feitas demais para serem reais, como se propõem. Não quero entrar muito no mérito da questão.

E daí? A ficção é muito mais interessante que a realidade. Na ficção pode-se isolar o que na realidade aparece misturado e confuso. O programa é extremamente bem construido: datas, horários, clima, câmeras ligeiramente mal gravadas, narração com pausas no tempo certo! Um certo ar de clandestinidade... a informação é dada na medida certa - uma generalidade específica, só um buraco de fechadura é mostrado.

Será insensibilidade minha mesmo? Nenhuma lágrima? Eu sou uma das poucas pessoas que conheço (vou forçar a barra e dizer que me conheço) que ainda crêem no ser humano. Não na humanidade, mas em alguns indivíduos. Esses que tratam mau (espancam e humilham mesmo) os idosos estão no grupo dos que vão sem escala para... nem sei... para a casa do BBB, versão Abu Ghraib (espaço exíguo, sem academia, hidromassagem etc).

Bem... acho que é só insensibilidade mesmo. E uma questão de grau. A insensibilidade contra a qual todos lutamos. Na luta que nos faz humanos.

7 de mar. de 2008

Tá aí, não, não reparem. Esse foi apenas o primeiro!

Valsando

Tu me procuras, tateando no escuro

Em vão, em trevas, em negras névoas.

Mas, o que sonha esse poeta é absurdo.

Posto em verdade, sou eu que te procuro.


Talvez por mérito, finalmente te encontro,

Romanticamente desafeiçoado pela vida,

Prevejo em ti, a minha rosa perdida

E minha triste sina se torna um conto.


Realmente perdido, vejo-me encantado,

Surrealmente extasiado lanço-me...

E com mil trejeitos, digo-lhe meu desejo

Recompensado sou, pois provo do teu beijo.


Crendo em palavras e verbos corroídos,

Fez-se letal o que nem tinha sido construído.

Hoje faço do tempo aliado e inimigo.

E para mim o que foi dito, ainda faz sentido.


Apenas como uma estrela de brilho enegrecido,

Dói-me os espectros do que não se tornou real

E tal qual tantas outras vidas, sozinho,percebo

Você foi embora, mas o que pudera ter sido, ainda vejo.


Assim cala-se mais um romance, voltamos a dançar quadrilha,

Valsar um mórbido tango à procura de um par.

Escrevendo em textos, versos poéticos, confesso

Um dia, se estou certo, ainda serei o último a te amar.

27 de fev. de 2008

Samba da Bruna

"O samba é uma forma de oração"

(Ouça em www.purevolume.com/vitorpaiva88 , é só colar no seu navegador - não tem vírus)


Samba da Bruna

Um passo em falso
Um rosto descalço
Caminho em vão
Sozinho sem chão

Até que a deusa da fortuna
Enfim me achou
Sem querer me trouxe Bruna
Para repousar o meu amor

As ondas vêm me embalar
De presente para você
Distante eu sonho acordado
Estou a todo instante ao seu lado

Minha menina
Me ensina a levitar
Me leva lá em cima
O brilho de estrela do teu olhar


A ti, menina, escrevo um samba
Meio atravessado não sou nenhum bamba
Eu que não sei tocar pandeiro
Quero te dar meu mundo inteiro

17 de fev. de 2008

eu tento ao máximo sair desses círculos que foram colocados ao meu redor
ás vezes, em outros encontro um pouco de paz,
naquelas urgências em que nos esbarramos ou no silêncio que cultivamos

não acredito que mudaremos o mundo,isso deixo até para a próxima miss universo
eu quero mesmo é encontrar um lugar onde eu possa ficar,
onde as mesas não irão ser quadradas e minhas verdades julgadas

quero apagar todas as luas e enfrentar aquilo que não sai do armário
ser melhor,sem temer ser a pior
não pra você ou os meus pais
não para o Estado e as criancinhas
eu vou para mim,
dessa vez me levanto para mim mesma

3 de fev. de 2008

Solidarieade Social

Como primeiro post, nada melhor que uma reflexão que muitos julgam não ter nada a ver comigo...

Eu sou nerd. Bem, pelo menos é o que dizem. Ou pelo menos o que quem me julga rápida e superficialmente acha de mim. Não se espera que eu fale, por exemplo, de... academias!

Pois bem, academias (pelo menos a maioria, ou, no mínimo, essa que eu tô agora) me parecem um lugar de solidariedade social, acima de tudo. Ora, eu explico: quando comecei a malhar (pela primeira de inúmeras vezes), eu estava acostumado com escola. E que é uma escola? É sobretudo um lugar onde se formam grupinhos diferentes, que fazem questão de ressaltar essa diferença e competem por qualquer bobagem. É um lugar onde, apesar dos grupos, cada um está sozinho, desconfia dos outros e tenta se "afirmar", num ensaio de "expressão e construção da individualidade na adolescência".

Na academia, por oposição, há uma predisposição para a cooperação. É claro que existem grupos e tal, mas eles são mais fluidos e temporários. Na verdade, todos estão numa academia pelo mesmo motivo. Talvez o mesmo objetivo ajude a galvanizar as relações, e concentrar todos no esforço de "ficar bonito" ou pelo menos, saudável. Até na musculação, apesar de ter alguns fortões idiotas e de ser uma atividade solitária por excelência, há ajuda e compreensão. Não sei se é idealismo meu, mas o que percebo são os mais antigos dando conselhos aos mais novos, divisão de aparelhos nas séries, conversas aleatórias sobre assuntos diversos... Ou seja, diferentemente da escola, ou do trabalho ou da família, há uma espécie de energia numa academia, algo que aproxima as pessoas e ajuda todos a seguirem o objetivo comum. Parece que é uma mini-sociedade colaborativa. Muitas pessoas que desistem da academia não desistem por causa do ambiente ou das pessoas, mas devido à questões pessoais como falta de tempo ou preguiça.

A academia absorve bem novos membros, esse é o ponto. Talvez seja só a liberação de serotonina que a atividade física libera, talvez seja uma característica dos cariocas de fazer social na academia, talvez seja minha percepção torta mas... diferentemente de outros lugares, na academia você não precisa se esforçar muito pra ser aceito. E isso alivia muito as tensões e ajuda o grupo como um todo.

Enfim, vamos todos malhar!

19 de jan. de 2008

A vida é passageira, mas o amor é inacabável...

Penso nisso...

Defronto-me todos os dias com essa frase ao caminhar para a UFRJ. Escrita à grafite num viaduto, e ainda mais, riscada, sinceramente nunca fora alvo de meus devaneios, até hoje.

Hoje eu acordei com essa estranha frase martelando na minha cabeça, sinto que talvez ela queira me dizer algo. Procuro então numa análise minuciosa pensar o que o autor da dita frase queria transmitir com ela. Penso que talvez quisesse nos fazer crer na supremacia do amor perante a vida. A vida tem fim, mas o amor entretanto cria frutos que perduram muito além de uma única existência. Seria então apenas uma visão otimista do amor? Como tantas outras? Tão tola, tão cheia de defeitos como ignorar os mal-amados ou os nem-amados, e pior, os frutos que provém de um amor torto, seja ele interesseiro ou forçado. Não sei, como dizia Alberto Caeiro pensar é fechar as janelas da alma. E pensando nisso eu me sinto ainda pior, e descubro que já estou distante do sentido original da minha frase.

Mas, é o que então? O que tem nessa frase que me chama a atenção? Gramática, algo inovador? Não! Conteúdo? Clichê! Não!Mas porque tantos problemas por uma simples frase? E me vem outra vez a frase de Caeiro na cabeça, ela me devasta, o que não é muito difícil, afinal, eu já estava exausto antes desse último golpe.

Jogo fora então a tarefa de tentar elucidar a mensagem subliminar escondida na frase do viaduto e vou ver TV. Pois quem sabe, eu esqueça de toda essa tolice.

E sim amigos! Não esqueci, em verdade a frase retornou a mim ainda mais forte do que primariamente e tudo ficou tão claro, mas tão claro que infelizmente eu não posso, nem conseguiria jamais transcrever aqui. Então:


A vida é passageira, mas o amor é inacabável...

Sinta isso...

9 de jan. de 2008

(Isso é quase um manifesto!)

Ex malo bonum ou o começo do fim.

Isso o que vos escrevo é um desabafo.

E esta minha reclamação surge contra mim mesmo, quanto à minha poesia “noir”, esse eterno vestígio triste até quando não há real tristeza. Queria eu escrever apenas alguns versinhos bonitos e felizes que acalentassem a minha alma, mas os versos felizes parecem não conseguirem me calar, muito menos me acalentar...

Esse desabafo parece vir em boa hora já que ando convivendo com pessoas de alma e filosofia muito diferentes da minha. E é assim que eu quero a minha poesia, não mais o caos organizado em versos, não mais a noite eterna, não mais o momento triste, mas a luz...

Mudanças são sempre bem vindas, e eu lanço a mim mesmo esse desafio, busco agora não mais retratar o momento nebuloso e soturno ,mas a alegria e o humor. Pretendo agora mergulhar a minha alma em outros rios, de águas calmas e límpidas, que me tragam sempre boas recordações e boas palavras...

Não, não pensem que estou “cuspindo no prato que comi”, acontece apenas que eu sinto como se eu tivesse ficado bom demais em fazer certo estilo de poesia, e em busca da evolução contínua não posso me prender apenas ao que sei fazer, quero escrever também textos em prosa, mesmo que seja poética...

Quero exprimir o inexprimível, afinal essa é a minha função, não é? Portanto amigos, eu inauguro agora uma nova fase para os meus textos, esperando sinceramente que ela seja rica em novas experiências, e me tragam palavras cada vez mais potentes. Mas se minha sorte for revés nas mãos do destino, pouco importa, pois tudo vale à pena meus amigos...Tudo!