12 de jun. de 2009

Inspirar-se

Inspirar-se

As paredes são brancas
Não são paredes, na verdade.
Por detrás do vidro vê carros,
O céu e a praia ao fundo
O encontro dos azuis

A respiração é lenta e ruidosa
O nariz toca o vidro
Que deixa de ser transparente
É branca
desesperadoramente branca a parede

O ar que respira, sufoca.
Não é nada além de si
O ar deflora o corpo
Sangra-lhe o nariz
Absorto, suspenso, nu

Seus pés tocam o chão
Mármore gelado,
De um frio inebriante

Num rompante,
Atira-se ao chão
Não suportava mais
seu próprio cheiro.
Asséptico
Nem a neutralidade
daquela parede-vidro

Eis que o chão o faz perceber
a gravidade.
E que caia.
Vertiginosamente

Agora que caminha,
deita e acaricia
A simplicidade
que sustenta
corpo e alma.

Como num sopro de leveza
Respira

5 comentários:

Thiago Kuerques disse...

Juro que nessas otimas poesias nao há o que se comentar!

CArina CAmila disse...

Agora que caminha,
deita e acaricia
A simplicidade
que sustenta
corpo e alma.



Acho que precisamos nos sufocar às vezes..

aluah disse...

parabéns! lindo poema.

voltarei.

érica disse...

não consigo decidir se gosto mais das suas dissertações ou dos seus (raros, convenhamos) poemas. :)

. carolina . disse...

Que lindo, Vitor! :)