Inspirar-se
As paredes são brancas
Não são paredes, na verdade.
Por detrás do vidro vê carros,
O céu e a praia ao fundo
O encontro dos azuis
A respiração é lenta e ruidosa
O nariz toca o vidro
Que deixa de ser transparente
É branca
desesperadoramente branca a parede
O ar que respira, sufoca.
Não é nada além de si
O ar deflora o corpo
Sangra-lhe o nariz
Absorto, suspenso, nu
Seus pés tocam o chão
Mármore gelado,
De um frio inebriante
Num rompante,
Atira-se ao chão
Não suportava mais
seu próprio cheiro.
Asséptico
Nem a neutralidade
daquela parede-vidro
Eis que o chão o faz perceber
a gravidade.
E que caia.
Vertiginosamente
Agora que caminha,
deita e acaricia
A simplicidade
que sustenta
corpo e alma.
Como num sopro de leveza
Respira
O Cortejo
Há 3 meses
5 comentários:
Juro que nessas otimas poesias nao há o que se comentar!
Agora que caminha,
deita e acaricia
A simplicidade
que sustenta
corpo e alma.
Acho que precisamos nos sufocar às vezes..
parabéns! lindo poema.
voltarei.
não consigo decidir se gosto mais das suas dissertações ou dos seus (raros, convenhamos) poemas. :)
Que lindo, Vitor! :)
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