9 de set. de 2006

Resolvi aproveitar a deixa da Mari para amor...

Meus poemas não são nenhuma maravilha. Mas eu gosto de escreve-los. Esse por acaso foi o mais trabalhoso que já fiz... demorou muitos dias até ficar do jeito que está(claro que dias não consecutivos).
Alias, queria deixar bem claro o caráter metafórico de todos os personagens! Coloque no lugar deles o que você achar mais interessante...
E leia com carinho porque é longo.
As passagens com termos técnicos de música eu coloquei no final o significado.
Chega de conversa!

A grande dança

I – Valsa de Lug..

Andante con brio, maestoso

Em um lugar sem ar nem gravidade
Duas almas se encontram; identidade!
De braços abertos, de braços dados

Os corações, maestros do silêncio,
Regem a viagem ao infinito

E, a três por quatro valsam num rito
A grande dança, num derradeiro incêndio

E tudo são: dançarinos e músicos
Unidos pela mesma melodia
O sangue pulsa na mesma harmonia.

Trilharemos juntos esse caminho
Seguindo nossa própria consciência.
Eu sei, nunca encontraria sozinho
Fim, nem o sentido da existência...


II – Adágio

Tempo Rubatto

Eis que ao encontro da
nossa alegria, veio o
espírito dissonante

Primeiro acompanhou,
com graves e metais, a
melodia que nos fazia um

Depois, à melodia, fez contraponto e
com todas aquelas fusas, deixou
-me confuso

Ela, fascinada, achou
Mais bela outra melodia:
Concedeu-lhe a contradança

(Minha caneta começou a falhar)

Meu coração agora sozinho bate sem métrica
Num sincopado lento e descompassado
Rallentando tenso
Até Parar
...


III - Quadrilha (de festa Junina)

Alegro assai, com fuoco

Não parou;
Continua a grande dança.
Não é valsa, nem balada,
Mas quadrilha.

Revezam-se os pares,
Atordoados.
Pés, incansáveis, pisam
E são pisados.

Todos se amam e se odeiam,
Num ritmo frenético.
Corações sem dono são
arrastados pela rua.

O amor centrifuga faz a roda girar
(ou será apenas a burrice?)
gira, gira mais rápido, tão rápido
que as mãos, frágeis elos, se soltam

Dão adeus ao nada
Fingindo sorrir.
E a dor desatina,
Sem doer nem ver...

Mesmo assim, nunca,
Nem por um segundo
(quanto vale um segundo?)
Deixaremos de estar

apaixonados pela vida.
e loucos pela morte
abandonados à própria sorte
dançando quadrilha

sem parar!
se parar?...
separar?
sem...
...parar!

Vitor Paiva Pimentel

Con brio ou Con Spirito com vigor, com espírito

Tempo rubatto - literalmente, tempo roubado. A música é executada com pequenas variações de andamento ao longo do fraseado. O intérprete escolhe a extensão da variação de acordo com o efeito desejado.

Fusa - é 1/32 do tempo do compasso, ou seja, normalmente uma nota muito rápida.

Sincope (música) - É uma nota tocada num tempo fraco prolongada a um tempo forte.
(medicina) - Perda súbita dos sentidos, desmaio

rallentando - diminui o andamento. A música se torna gradativamente mais lenta ao longo dessa marca

Assai - muito (ex.: allegro assai - muito rápido)

Con fuoco com fogo (vivo e agressivo)

5 comentários:

Anônimo disse...

Depois de duas (inúteis) discussões com o sr. Vitor eu vim cá comentar

conheço a idéia... genial
conhecia o texto... tá mudado...
realmente mto bom... bem construído

parabéns

mas cauby é bom cara...

Anônimo disse...

Oi Vitinho!!
Visitei seu flog viu??
Bjinhos

Anônimo disse...

Outro dia fiquei o maior tempão tentando comentar, mas toda hora entrava a maldita página que não pode ser exibida. Agora tô sem inspiração pra um novo comentário, mas deixo registrado aqui que li o texto. =)

Anônimo disse...

Ah, e claro: adorei, como não podia deixar de ser!

Anônimo disse...

Flavinho, num é à toa q vc vai ser publicitário, vc nasceu pra isso!!!...vc não poderia desperdiçar esse seu dom fazendo medicina...mesmo gostando tanto de ver sangue!!!...rssrsr...lindos os poemas!!...beijos
Cíntia