24 de jun. de 2006

Poema a uma bela

A xícara é branca e bela,
E também é vazia.
Mas com isso,
Ela não se importa,
Pois é um vazio materialista.
Basta alguma boa vontade,
Com algum esforço e pronto.
O seu vazio já se dissipa,
Num mar de aparência indefinida.
A xícara não fala,
E portanto, no meu poema,
Ela não influi.
E mesmo que pudesse,
Duvido muito que tivesse
Algo de útil a acrescentar.
A xícara talvez não pense.
Mas como pode então ela existir?
Talvez haja alguma metafísica.
Ou talvez ela nem exista.
Só sei, que essa xícara me provoca.
E se eu morrer depois de tê-la tocado,
Tanto faz, pois nem uma lágrima
Irá ela derrubar.
Haja o que houver,
Na sua metafísica de objeto,
Não lhe cabe sentimentos humanos,
És bela e isso já é tudo.
E por isso se manterá impassível
A sofrimentos, dores, brigas, guerras
E até ao fim do mundo.
Pois ela existe apenas para si mesmo,
E todas as emoções que proporciona,
Ela não sente.
Como pode algo ser tão indiferente?
Me pergunto.
Enquanto minha intolerância triunfa.
Não a aceito como é.
Eu queria que ela me refletisse,
Eu queria que ela me entendesse,
E que ela me sentisse.
Mas, em sua palidez triste,
Nem para isso serve.
E talvez ela não valha nem
Uma palavra que por ela escrevo.
E talvez esta poesia tivesse
Melhor fim se fosse rasgada,
Ou se fosse reescrita,
De forma parnasiana.

Mas a xícara ainda está lá,
E ironicamente me indaga:
Eu prefiro vinho!
E você, água!?
Nesse momento,
Eu já nem vejo mais nada.
E em um instante,
Eu a atiro na parede.
E dessa fusão,
Surgem infinitos pedaços,
Que já em nada lembram
A beleza do objeto anterior.
E nem sequer um vestígio,
Uma marca, algo que desfaça
A idéia primordial que eu tinha.
Eu procurava em sua morte
Alguma essência.
Mas nem a morte,
Humaniza a xícara.
Mas o que eu queria?
Que ela gritasse?
Que chorasse?
Que sangrasse?
Não sei, não sei.
Só sei que agora,
Nem eu, nem ela
Não queremos mais.
Eu, porque me sinto um assassino.
E ela, porque realmente,
Nunca quis nada.

Flávio Vinícius

7 de jun. de 2006

Graças a minha insônia, uma aventura que tive vivendo perigosamente antes de tentar dormir e uma frase que um amigo querido disse esse texto surgiu. Ele tem influência também de um outro amigo meu, o rapaz sapeca Breno Dalla. Ah, devo admitir, eu gosto desse texto. Desejo que vocês o apreciem!!!
Não esquecendo de escreverem suas opiniões, logo críticas!Até e Carpe Diem!
{E sim, eu sou Limão Lilás..rs..}__________________________________Mariana M.B.S.




AO MESTRE, UM PULINHO.

{...}
- Mãe, olha pra mim... escute o que tenho a te dizer.
- O que foi, Robesval?
- É que eu quero...
- Hum!- {a mãe come, sem olhar para ele}
- Olha pra mim, mãe!
- Ah! Fale! O que é? Quer ir à ponta do pêlo do coelho? E olhar nos olhos do grande ágil, como diz aquele livro maluco que você está lendo? Eu ouvi você comentando com Seu José.
- Mãe, O Elvis é um cachorro, em primeiro lugar. E em segundo lugar, é Grande Mágico. E terceiro, o livro é maravilhoso, conta a estória da filosofia de uma maneira linda e o Seu José concorda. - { e balança a cabeça}
- Que nada! Aquele livro e Seu José são incentivadores de jovens inúteis e preguiçosos... faz você cuspir no prato que come!- {e abaixa a cabeça, voltando a comer}
- Mãe!
- Não vê que estou comendo!!!
- Você não pode parar um pouco e me ouvir? Tenho certeza absoluta que sua comida não sairá correndo de você. Até por que você está nela!
- Você se acha tão superior, né, Robesval?
- E se eu for? Aaaa... eu sou diferente, eu sei disso. Na verdade, todos somos diferentes uns dos outros.
- Quem está colocando essas idéias na sua cabeça? Você não vê? Estamos num cachorro de segunda categoria! Você deveria estar buscando um de primeira, assim como o Júlio fez para a família dele ao invés de ficar com esses pensamentos bestas...
- Mãe, eu não quero ser igual ao Júlio! Eu quero ir trabalhar no circo! É isso que estou tentando dizer.-{ fala com os olhos brilhando}
- Ai, você só me dá desgosto! Lembro-me daquele dia em que você quis ir para o focinho do Elvis, e ficou lá parado. Eu gritei tanto. Achei que fosse o seu fim!
- Aquele foi o dia mais feliz da minha vida!E eu quero mais dias como aquele, mãe, por isso vou para o circo.
- Circo? Mais uma idéia maluca. Você ... eu não sei mais quem é você...
- Eu mudei, mãe. E tenho que ir porque sei que aqui não serei feliz.
- Eu não consigo entender... mas eu quero que você seja feliz.
Então vá, Robesval.Vá...
- Mãe! – {vai à direção dela, e a abraça}
- Adeus, filho.{diz, enquanto vai embora, perdendo-se na pelagem}
- Até um dia,Mãe...


Robesval vai até a ponta de um pêlo, contempla a água que o cão bebe e pula para fora da pelagem de Elvis.

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Robesval foi a primeira pulga a ir trabalhar no circo. Sua vida é vista como uma lição de paciência e coragem para todas as pulgas que querem fazer circo, teatro, etc. e encontram dificuldade para se realizarem como artistas.
Ele teve participação na criação da música “Como vovó já dizia” de Raul Seixas por sussurrar no ouvido de Raul o trecho “a formiga só trabalha por que não sabe cantar” .

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Este texto é dedicado ao Mestre, Robesval, com muito carinho. E a todos que temem dar o primeiro passo, pulo ou vôo em direção àquilo que realmente querem.

P.s.: “Arrisco, logo existo”- Robesval Argunte, o Mestre .





Limão Lilás