Nessa minha primeira apresentação, acho interessante trazer algo bem no meu estilo, que faça jus à minha definição de contador de histórias. E aí vai. Espero que seja do agrado de vocês.
Um dia desses estava eu entediado na sala de espera do consultório médico aguardando minha vez de fazer o famoso "check-up". Não tinha nada pra ler a não ser uma "Caras" com Luciana Gimenez na capa. Ou seja, de fato não tinha nada pra ler. Assistir Ana Maria Braga e Louro José definitivamente não me atraía. A posição era desconfortável pro cochilo, então só me restava prestar atenção ao papo de duas mulheres que também esperavam sua vez. Peguei o bonde andando mas aos poucos fui notando que elas falavam sobre remédios de emagrecer e produtos tipo "diet shake", mas eram mulheres razoavelmente em boa forma, pelo menos no meu gosto. O papo era enfadonho, entretanto fiquei com aquilo na cabeça, até que surgiu uma voz masculina, grossa, quebrando o marasmo dos meus pensamentos. Eu tinha sido chamado para a atualização da ficha. Segui a tal voz e me deparei com uma figura caricata(quase ri). Era magrelo e a cara dele vista de perfil parecia uma lua nova, de tão avantajado que era o queixo. Ali minha auto-estima subiu consideravelmente. Subi na balança e assim que ela se estabilizou, pude visualizar o número 60,5. O que aquele número tinha a me dizer, além da reação normal da balança sobre mim? Lembrei daquela conversa chata entre as duas mulheres, somando à minha sensação de bem-estar ao ver um cara que através de sua feiúra elevou minha auto-estima. É esquisito, mas depois da revolução sexual dos anos 60, nossa sociedade ocidental tornou-se cada vez mais competitiva em termos de beleza, alavancando a indústria dos cosméticos e difundindo a “ideologia” das academias de ginástica, ou então a indústria dos músculos e suplementos. E o perigo consiste justamente aí, pois nós homens muitas vezes acabamos tendo obsessão pela massa muscular, podendo acarretar no uso indevido de certas substâncias nocivas, cujos prejuízos podem ser irreversíveis. Quanto às mulheres minha preocupação é ainda maior, já que de um modo geral elas são mais vaidosas que nós, o que provoca um grande sofrimento, que por sua vez as torna escravas da balança. Balança? Olha ela aí outra vez! Afinal, o que aquele 60,5 queria dizer, além da força normal que a balança exercia sobre mim? Acho que nada! Eu, uns 3 sacos de cimento, ou uns 7 cachorros vira-lata não produziríamos um efeito muito diferente na tal da balança. Então pra que dar tanta importância ao número que lá aparece? Será que faz sentido? Eu acho uma tremenda neurose! O que realmente importa é o que a nossa capacidade de avaliação e discernimento diz, e não a indicação de um aparelho. Podemos ter características físicas distintas, como os números medidos pela balança, e nem por isso sermos menos atraentes. Repito, isso quem vai julgar não é um medidor de massa, mas sim nós, seres humanos. E cá entre nós, eu faço isso direitinho. Então, meninas, se quiserem ter a experiência e precisarem de algum apoio afetivo, posso deixar meu endereço, telefone de contato, msn, orkut, afinal, estamos aí.