26 de abr. de 2008

Sobre a natureza humana I

Sobre a natureza humana I

Não há dúvidas a respeito da natureza corrompida dos seres humanos na nossa sociedade – basta se inteirar por um dia das notícias. Entretanto, a hipótese que se faz sobre a nossa própria natureza, se boa ou má, me parece ser o elemento distintivo entre toda interpretação da nossa sociedade, seja poética, pretensamente científica ou até religiosa.

Mesmo sob a pena ser excessivamente esquemático, pode-se resumir estas duas hipóteses na escolha entre Hobbes e Rousseau. Você com certeza se lembra desses dois autores. Ou ao menos decorou que Hobbes diz ser o homem o lobo do próprio homem, um ser mau e competitivo em estado de natureza. Rousseau, por outro lado, é categórico ao afirmar que “o homem é naturalmente bom, a sociedade o corrompe”.

Tendo a concordar com Rousseau. Nossa natureza é boa e cooperativa. Como esta é a visão largamente minoritária, cabe a mim o ônus argumentativo.

Basta pensar em como a seleção natural teria autorizado esse nosso corpo fraco, sem armas, o nosso nojo por sangue e por morte. Sim. Só os muito bem treinados (seja pela televisão, computadores, ou pelo treinamento militar, o que da no mesmo) conseguem se controlar, congelar próprio sangue para tirar a vida alheia. Temos nojo até de matar insetos, enquanto um cachorro ou um gato mata com a boca. No máximo você pisa na barata, mas jamais com a pele nua. Usa um chinelo, tênis, inseticida. Nosso corpo se recusa pela falta de instrumentos naturais e nosso cérebro também se recusa, fazer mal a vida nos faz sentir mal também, pela nossa capacidade de sentir o que os outros sentem (já ouviu falar dos neurônios espelho?).

Tivemos sucesso evolutivo exatamente pela nossa capacidade de empatia, de cooperação. Empatia inclusive com os que não são da nossa espécie. Não somos caçadores, nosso corpo e nossa mente não são preparados para o ataque. Os de nossa espécie que se tornam predadores pelas circunstâncias são exatamente os que depois precisarão de tratamento psiquiátrico, por ficar tanto tempo lutando contra a própria natureza. Pense no executivo de uma grande empresa.

Como se dá a passagem para a sociedade, criação eminentemente humana, nos corromper é uma boa pergunta. Há várias respostas, mas isto é assunto para um próximo texto.

E você? É Hobbes ou Rousseau?

P.S.: Já não agüento mais a pirotecnia sobre o caso da “menina Isabela”. Tudo bem, foi bem lamentável a terem defenestrado, e ainda jogado ela pela janela. Do que não gosto é desse clima de prejulgamento, pois não cabe a nós (opinião pública) esse mérito (nos cabe, sim, julgar os nossos políticos, ou você já esqueceu disso?). Mas a respeito do ser que cometeu tamanha barbaridade, Darwin diz que merece morrer.

12 de abr. de 2008

Flashs


A alienação constante...

A tevê desligada

A luta perdida

A voz da vida

O frio instante

A dor de cada despedida

A voz que não chega

A espera interminável

A vida parada

O meu eu

O teu eu

A voz distante

O que já se esqueceu

O instante que passou

O veneno prazeroso

O mundo errante

A voz já perdida

E a alienação constante...