19 de out. de 2007

Eu juro por todos

Esse texto nasceu no ônibus 260, ficou perdido no meu caderno por meses e semana passado o achei. Servirei ele cru para vocês.
Deixo assim, como chegou até mim.


"Há dias em que o 'carpe diem' parece morar na utopia", Mel Gustav




Aviso: Para os desinformados, nessa última quinta do mês de outubro encerra o MOLA { Mostra Livre de artes} que está ocorrendo no Circo Voador { que fica na Lapa, embaixo dos Arcos}.
Essa mostra está rolando desde o início do mês de outubro, toda quinta-feira.
Ela é recheada de peças, shows, cinema,perfomaces,obras e gente,muita gente!
Começa às 18hs e vai até 2hs da matina.
A entrada é franca até as 2ohs, depois é 10 reais a inteira e 5 reais a meia!
E ah, eu estou expondo 3 desenhos meus, e quinta estarei lá. ;*




Boa noite!




Mariana




......................................................................................................

e o trem rasga o aglomerado de perdas que há por cima dos trilhos
o barulho cega
a velocidade abafa as dores, as feridas recém-abertas e os gritos

ai,e o trem demora tanto
parece interminável sua presença
o som de sua passagem ecoa nas cabeças
não,interminável é a violência
pratos voam
ela agarra algo em busca de defesa
atira contra
chora por
cai em
são lágrimas
são soluços e
é achado um retiro no canto atrás da mesa
é estabelecido uma fortaleza: não vou contar pra ninguém
o cheiro de proteção chega com a brisa que anuncia a chuva que está próxima

já faz um tempo que o trem deixou de existir
e a briga, de que briga você está falando?
já estão todos em silêncio,
de forma bem covarde,morta,imunda,culpada,ignorante,fadigada,paralítica,castrada.
todos aceitaram o fato do trem ir e vir, assim como de haver sempre violência e mais violência, assim como o fato de não poderem falar, queixar-se da dor ou pensar com mais amor o que é a vida

"a vida é difícil" e só, isso basta!
é um todos tão só
é um só tão coletivo
que vira epidemia e muitos compram a camisa e entram para o grupo
"a vida é difícil, aceite isso para facilitar as coisas, para doer menos e morrer mais rápido"




eu juro
juro não beber
não olhar mais pra ele
não roubar seu dinheiro
juro voltar pra casa antes de meia-noite
juro que tentarei
juro não mentir
juro que vou voltar
juro que não fui eu
juro não jurar mais
eu juro que não bato mais em você
eu juro que não te bato mais
eu juro

7 de out. de 2007

Palavras

Algumas palavras me intrigam profundamente. Como elas conseguem dizer coisas tão diferentes quando só alteramos o seu contexto? É incrível. Na verdade, alguns de seus significados são mutuamente excludentes...
Vou dar alguns exemplos:

Obrigado.
"Obrigado por ter vindo"
"Ele foi obrigado a ir lá"
Se agradecemos a alguém por qualquer coisa, é sinal de que ela não foi obrigada a fazer aquilo. Fez de bom grado (ok, você pode ser um teórico da conspiração e achar que ela teve algum interesse. Mesmo assim, ela fez isso por um ato de vontade). E se você for obrigado a fazer algo, não receberá agradecimentos. Não é estranho?

Mente.
"Ela mente para mim."
"Não consigo entender o que se passa na mente dela"
A mente, símbolo da razão, deveria (ao menos na minha cabeça iluministóide) se relacionar intimamente com a verdade, não com a mentira. Como o verbo da mentira estar contido no mesmo codígo da inteligência humana? Ou será que minto para mim mesmo quando falo que a mente é a verdade, quando ela é de fato a fonte de todas as mentiras?

Hoje foram só esses dois que lembrei. Se quiserem me ajudar, serão bem vindos...
Não se sintam obrigados a fazê-lo, mas direi obrigado se o ajudarem!