26 de jun. de 2007

Um belíssimo texto de um grande amigo nosso:

Da Liberdade de Escolha ou Viagem ao Reino das Palavras

Algum tempo atrás li algo interessante sobre um dos motivos, até então meu desconhecido, da imparcialidade no texto jornalístico fazer parte de uma constante e inatingível busca. Quanto à constância, não vou perder meu tempo explicando, já que faz parte de uma ética que tentará me guiar quando, caso se, exercer a profissão. Inatingível porque, em relação ao motivo (o porquê) citado, que me motiva (estimula) a utilizá-lo como motivo (tema ou desculpa) introdutório do texto, é impossível escrever um texto, jornalístico ou não, desacompanhado da força esmagadora e castradora da liberdade de invenção. Aliás, o mal não é necessariamente a liberdade de invenção. Ela está à mercê e não passa de mera rebenta da liberdade-mãe, muito mais repressora e sufocante, a liberdade de escolha. Escolher é doloroso. Nos faz ganhar e perder simultaneamente, e não estou me referindo nem aos efeitos positivos e negativos de uma escolha específica em uma situação específica. Não estou divagando se “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Estou afirmando que a segurança desse pássaro na mão, sua posse, não nos livra do I.C.E.P.E. (Inevitável Conflito Existencial Pós-Escolha), vulgo “e se”. Depois de passados angustiantes segundos, minutos, horas ou até dias de balanceamento mental das qualidades e defeitos de três meras e malditas opções, mutuamente excludentes, nos deparamos com um saldo de um ganho e duas perdas, uma certeza na mão e duas voando e, por mais acertada e deliberada que tenha sido a escolha, o espectro do “e se” vem do passado nos fazer arrepender do que não fizemos e amargar a perda do que poderíamos ter conseguido.

Para você que não entendeu como tudo o que foi dito até agora se relaciona com a parcialidade de um texto, o que acho bem provável, vou explicar sem rodeios: ao optarmos por determinada palavra a ser colocada no início da primeira frase do primeiro parágrafo de um texto, podemos estimar quantas estão sendo rejeitadas com o auxílio de uma edição-monstro do dicionário Aurélio com cerca de 2000 páginas. Todo processo de escolha é parcial, porque demanda juízo de valor, atribuição de importância, abdicação das possíveis abordagens, conotações, cargas semântica e ideológica dos vocábulos desprezados, que tendem ao infinito, em nome do efeito maciço, palpável e realista da palavra contemplada com a bênção da participação num texto. Não há Jornalismo isento ou imparcial pela razão óbvia e entranhada na profissão de que não há comunicação sem tomada de posição.

Sei que pode parecer contraditório a existência de uma liberdade repressora, embora ache que ela não seja tão danosa porque boa parte das pessoas (não direi todas porque tenho autoridade para me excluir desse esquema) não tem plena consciência, ou, se tem, não o faz de maneira conscienciosa, de que o processo de que se valem para escrever um texto, a inclusão excludente, é o mesmo empregado na escolha do emprego, da namorada e nos jogos de loteria. Com a diferença crucial que, por questões de desinformação ante esse processo, no caso positivo, e de indiferença literária, no caso negativo, namoradas, empregos e bilhetes azarados causam bem mais dores de cabeça. Benditos sejam os alienados, despreocupados ou sortudos que não lerem ou ligarem para esse texto. Deles é o Reino das Palavras.

Isaac Bruno

10 de jun. de 2007

Antes de começar a leitura desse texto queridos leitores, queria dizer que o dito cujo já fora escrito há muito tempo, e estava guardado em minhas gavetas de textos que talvez algum dia sejam publicados...Nessa fase eu pensava muito sobre a existência de Deus(coisa que faço até hoje) e no sentido de ter uma religião...Espero que apreciem as minhas conclusões...críticas ou elogios nos comentários por favor...

Marx, Deus, eu e o Brasil

Como soa para mim a palavra religião?Como defensor de algumas idéias comunistas, ela me soa exatamente como Marx dizia:”A religião é o ópio do povo.”.Porém, seguir cegamente uma idéia, sem previamente considerar as situações vistas e as variáveis que um ambiente pode empregar, soa pelo menos para mim muito mais venenoso do que o próprio ópio destilado pelas religiões.Digo isto, não sem antes pensar e refletir muito, pois, tenho em vista que considero o meu povo*, e toda sua cultura , seu romantismo enraizado que traz uma necessidade de acreditar em um futuro, por mais que o presente não lhe ofereça um perspectiva muito boa deste.
Assim como um náufrago que por amor a vida se agarra a um pedaço de madeira flutuante, até mesmo quando tudo ao seu redor seja a morte e a solidão, o povo brasileiro necessita de algo a que se prender também, algo que lhe traga fé, alívio e uma embriagada esperança.Lacuna a qual deveria ser preenchida pela luta diária por melhorias ou pela vontade de transformação social constante, porém, numa luta onde os líderes são os primeiros a desertar e a mudar de lado na batalha, torna-se inviável esperar que o brasileiro não tente encontrar na metafísica ou no misticismo o herói perfeito, o ser idealizado que virá salva-lo das garras da opressão.
Portanto, na mais pura sinceridade, vos digo que a religião é o que o povo brasileiro talvez tenha de mais importante e sincero.Pois apesar de todos os desvios cometidos pelo próprio homem e da minha dúvida constante na existência de um deus (que ainda não nos ouviu, ou anda com preguiça de nos responder),é ela que ainda faz essa gente sofrida e pobre ter coragem de levantar da cama todos os dias e não ligar para mensalões, políticos desviando verbas, escândalos e tragédias, ignorar na mais pura das ignorâncias a Amazônia e os protestantes do MST, ignorar também a fome e a miséria, e sua realidade de cada dia.Em suma, o povo brasileiro não pertence mais a essa existência, pois com tantos problemas consegue ser capaz de esquece-los e continuar resignadamente o seu caminho, enquanto eu, como triste poeta e escritor, tão preso ao meu mundo material e a Sartre, ainda preciso me beliscar para crer que realmente existo, e que tudo que vejo e ouço é real.

1 de jun. de 2007

Pupila

Pupila

As estampas coloridas da tua camisa
Permeiam o negro dos meus olhos
É a luz, que enche de luz o vazio

Se olhares de volta, verás
Na minha camisa branca
As mesmas cores

- E o mesmo negrume vazio por dentro

Sim, sou pupila!
E tu também o és, mas nega...

Um grande vazio cercado
Por vasos pulsantes
Que se adapta ao sabor
Da intensidade luminosa.

“Acredito em tudo que existe”
“Não acredito em nada que não existe”
“É por isso que não acreditas em mim
Embora eu acredite em ti.”

Perguntas sem resposta
E respostas sem pergunta
O que fazer?

Paro de pensar e tento viver
Mas as respostas que a vida traz
Não respondem às perguntas
Que minha razão faz

... eco, fluxo de inconsciência

Bah... esqueça tudo!
São só palavras,
Palavras que trazem palavras que não trazem nada
Apenas contraem e relaxam
Revoltam e acalmam
No ritmo das paixões

São como nós...
Pupila